A rede vital, que se superpõe ao corpo físico, é formada por um número grande de retículos. Existem, todavia, três condutos principais, ligados às narinas, pelos quais circulam as energias de Prana - Sushumna é o conduto central, Píngala é o da narina direita, por onde circula a energia “positiva”, Yang, e Ida é o da narina esquerda por onde circula a energia “negativa”, Yin. Esses condutos energéticos se ligam, ao longo do sistema nervoso central, a 7 pedúnculos que têm a aparência de uma flor e que recebem dos Orientais o nome de Chakras[1].
Chakras - Na filosofia Oriental, esta palavra refere-se a centros de recebimento e distribuição do prana, que é a energia cósmica em todas as suas manifestações dentro do Universo. No homem, ela circula por esses centros chamados chakras e que se situam ao longo da coluna vertebral, num corpo mais sutil que o físico, denominado Corpo Vital ou Duplo-Etérico. Esses chakras distribuem o prana para os órgãos internos.
Uma explicação detalhada a respeito dos vários corpos do homem, incluindo o vital, bem como descrição dos chakras e do que é Prana, o leitor poderá encontrar em meu livro “O Homem e o Universo”.
Estes centros de força possuem uma série de pétalas e cada pétala elabora energia de Prana segundo a sua natureza. Então, cada centro de força elabora energias diferenciadas, e essas energias vão ser distribuídas a determinadas glândulas e a determinados órgãos. Por exemplo:
O chakra Muladhara, situado na região coccigiana, transmite essas energias aos órgãos genitais.
O chakra Esplênico, situado à esquerda do abdômen, transmite energias para o baço.
O chakra Umbilical, situado na região do umbigo, transmite energias aos intestinos, fígado e pâncreas.
O chakra Cardíaco, situado um pouco à esquerda do tórax, transmite energias para os pulmões e coração.
O chakra Laríngeo, situado na parte anterior do pescoço, transmite energias para a tireóide.
O chakra Frontal, situado no meio da testa, transmite energias à glândula pituitária, ou hipófise.
O chakra Coronal, situado no alto da cabeça, transmite energias à pineal, ou epífise.
Embora o fluxo de Prana no organismo humano esteja intimamente ligado ao fluxo respiratório, o Pranayama não consiste em dominar a respiração, mas única e exclusivamente em controlar a energia Cósmica responsável pelo ato de respirar. Não é a respiração que produz o movimento dos pulmões, mas, justamente ao contrário, é o movimento dos pulmões, provocado por Prana, que produz a respiração.
Prana é uma energia cósmica em manifestação e qualquer expressão de força é sempre por ela produzida. Tanto a força nervosa, quanto a emocional e mental constituem manifestações de Prana. Sem Prana não nos seria possível pensar nem exercer qualquer atividade mental ou sentir qualquer emoção. É Prana que modela a matéria mental e é ela que possibilita sua paralisação.
Existe um só Prana que se manifesta em todos os planos da Natureza, desempenhando, em cada um, funções diferentes. É como a eletricidade que, sendo única, se manifesta em cada aparelho de maneira particular.
O Pranayama forma um jogo de energias que entram pelas narinas e seguem pelo conduto central indo atingir o chakra Raiz, ou Muladhara e pelos laterais indo atingir o chakra Esplênico, ou Swadhistana, que elabora as energias recebidas e as distribui para o organismo.
No fluxo de energias que penetram pelas narinas, vibram aquilo que os Orientais chamam de Tattvas[2], que são forças sutis da Natureza. A cada duas horas, vibram 4 Tattvas em uma das narinas. Se prestarmos atenção, verificaremos que, a cada duas horas respiramos mais intensamente por uma das narinas - 80% por uma, digamos pela direita, e 20% pela esquerda. Depois passa-se a respirar 80% pela esquerda e 20% pela direita. Acontece, também, que nessas duas horas, a cada meia hora, varia o comprimento da onda do ar expelido. Quando a onda da expiração está próxima das narinas é porque o Tattva Vayu está vibrando. Se nesse momento emitirmos um desejo de qualquer coisa ligada ao elemento ar, ele se realiza porque Vayu está ligado ao ar. O comprimento da onda expelida vai aumentando progressivamente a cada meia hora, conforme passe a vibrar Tejas, Apas e Pritivi. Em seguida, a onda da expiração vai encurtando até desaparecer. Na passagem de uma narina para outra, há um momento, alguns segundos, nos quais as duas narinas vibram em Akasha, um Tattva mais refinado. Quando as narinas vibram em Akasha, há um equilíbrio perfeito. E é nesse momento que os discípulos aproveitam para a percepção de sua natureza espiritual. Enquanto vibra a narina esquerda, ou a direita, e nelas vibram os 4 Tattvas, o homem jamais terá consciência espiritual, porque esses Tattvas dão consciência material. Depois desta passagem pelo conduto central, passam novamente a vibrar os 4 Tattvas, porém agora, através de outra narina. Assim, essas energias, quando entrarem pelos centros de força, ora vão dar uma energia “positiva”, ou solar, se conduzidas pela narina direita, e ora uma energia “negativa”, ou lunar, se conduzidas pela narina esquerda. Quer dizer que ora funciona como construtor dos tecidos, e ora como destruidor dos tecidos inúteis.
É nisto que se assenta toda a magia elemental, somente na respiração.
Quando as narinas estão funcionando erradamente, quando a troca dos ciclos não se dá adequadamente, surgem problemas de saúde. Quem controla o jogo das energias vitais dificilmente adoece. Quando a medicina descobrir esse jogo, poderá curar pelo direcionamento das energias, pela homeopatia e pela alimentação, pois os alimentos estão ligados aos Tattvas.
Como o homem, em geral, tem predominância da energia lunar, é aconselhável começar pela prática do Pranayama solar, denominado Surya Bedhana e que consiste em aspirar sempre pela direita e soltar pela esquerda, retendo o ar nos pulmões ao final da inspiração e retendo a respiração ao final da expiração.
[2]Tattvas - Palavra Sânscrita que designa o conjunto dos 5 elementos da natureza - Terra = Pritivi; Água = Apas; Fogo = Tejas; Ar = Vayu; Akasha = Elemento mais sutil ou Éter.