Sistema Nervoso
Anatomicamente temos:
Encéfalo, que é a parte do sistema nervoso que se encontra dentro da caixa craniana e se divide em:
a) cérebro, constituído pelo córtex cerebral que compreende a substância cinzenta, e pela região subcortical, o diencéfalo, do qual faz parte o Hipotálamo, que tem muito a ver com nossas reações emocionais.
Hipotálamo - Região do diencéfalo, sob o tálamo, que forma o assoalho e parte da parede lateral do terceiro ventrículo. Compreende o quiasma óptico, os corpúsculos mamilares, o tubercinereum, o infundíbulo e a neuro-hipófise. Os núcleos desta região exercem controle sobre as atividades viscerais, o equilíbrio hídrico, a temperatura, o sono, a regulação do metabolismo dos carboidratos e gorduras, assim como regem os mecanismos de certas reações primitivas de defesa ou ataque nos animais e influem nos estados emocionais humanos - medo, ira etc.
b) tronco encefálico, que fica entre o cérebro e a medula, sendo que a base do tronco encefálico, que faz a ligação com a medula recebe o nome de bulbo.
c) cerebelo, que fica atrás do bulbo.
Na escala zoológica, quanto mais desenvolvido o animal, mais complexo é seu sistema nervoso. Organismos unicelulares não têm sistema nervoso. Águas vivas, minhocas, insetos, peixes, anfíbios, répteis e mamíferos vão tendo, progressivamente, sistema nervoso mais complexo até chegar ao homem. Popularmente, usa-se a palavra cérebro para identificar a capacidade racional do homem, mas na verdade, é de todo o sistema nervoso que dependem as atividades consideradas humanas.
O sistema nervoso inteiro funciona a partir de cada uma das células que o constituem, os neurônios. Células muito especializadas são capazes de captar estímulos exteriores, como calor, frio, dor ou irritabilidade e de conduzir esses estímulos através do organismo, sob a forma de impulso nervoso. São atribuições cumpridas por numerosíssimos neurônios. Como qualquer outra célula, possui um núcleo e um citoplasma. Neste citoplasma estão as neurofibrilas e os corpúsculos de Nissl (veja pg. 168)e os prolongamentos - de um lado os dendritos e do outro lado os axônios que podem ter vários metros de comprimento e que estabelecem contato com outra célula nervosa, músculo ou glândula. É o axônio, com suas membranas, que vai constituir uma fibra nervosa.
A partir das células nervosas do eixo central, difundem-se por todo o corpo feixes de fibras nervosas, que vêm a se constituir nos nervos. Alguns levam impulsos que partem do eixo central até os músculos, glândulas ou vísceras e que são os nervos motores ou eferentes. Outros levam impulsos captados pela periferia, pele, músculos, vísceras, até o eixo central e são os nervos sensitivos ou aferentes.
Ao longo desses feixes existem agrupamentos de células, os gânglios nervosos, que funcionam como estações retransmissoras dos impulsos. Apenas as ordens motoras dirigidas aos músculos não passam por essa etapa, pois vão do eixo central aos músculos sem passar pelos gânglios.
Na estrutura do sistema nervoso, os neurônios ficam engatados uns aos outros, como vagões de um trem, formando cadeias neuronais. O engate entre um neurônio e outro, chamado sinapse, é feito entre a terminação de um axônio de uma célula e o dendrito e corpo celular de outra.
A direção do impulso é do corpo celular para o axônio. A sinapse é o interruptor encarregado de ligar ou desligar uma célula da outra. O excesso de funcionamento provoca o desgaste das sinapses; é o que ocorre com o cansaço físico.
A elevada especialização do encéfalo permite o controle racional e o treinamento orientado dos movimentos e ações que são comandados através da medula. O ato de pegar algo, por exemplo, é reflexo primitivo, mas o homem pode treinar esse reflexo de maneira a orientar a conduta motora para inúmeras utilidades - desenho, escultura, controle de máquinas, jogos etc. Essa utilização é comandada pelo cérebro mas os centros encarregados de retransmitir ordens de movimento aos membros estão localizados na medula. Além de funcionar como retransmissores das ordens expedidas pelo cérebro e dos estímulos exteriores até os centros do encéfalo, a medula tem também função autônoma. Impulsos mais simples não precisam passar pela supervisão do encéfalo. Por exemplo, quando o médico usa o martelinho para verificar o reflexo nervoso, o indivíduo não pode segurar o movimento, porque independe da ordem do cérebro.
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A mulher de Galvani costumava pendurar as pernas das rãs em um fio de cobre e Galvani pôde, então, observar que, quando se davam raios, as pernas se moviam. Galvani percebeu que o movimento era provocado pela energia que percorria o nervo.
Desde Galeno, em 1.100, era corrente a idéia de que o movimento dos músculos era provocado por uma espécie de espírito a que eles davam o nome de "anima".
Hoje, sabe-se que os movimentos corporais voluntários e involuntários são executados como mecanismos motores estimulados por uma energia elétrica que corre através dos nervos. A ciência sabe que os sentidos emitem potenciais elétricos ao longo dos nervos até o cérebro, para onde vai toda a informação. Isto fez desaparecer a idéia misteriosa do "anima".
Em que consiste a ação cerebral? No deslocamento de potenciais elétricos ao longo de circuitos formados por feixes de fibras nervosas dentro do cérebro. Essas fibras são ramificações da massa cinzenta, conhecida como córtex. Acredita-se que há 12 bilhões de células no cérebro humano. Cada uma delas é capaz de produzir uma pequena quantidade de energia elétrica que pode intensificar, bloquear ou alterar as correntes que passam e repassam.
(**) Franz Nissl (1860 - 1919) médico alemão, descobridor do corpúsculo de Nissl, substância cromófila do corpo celular do neurônio.