Esoterismo

 

"AS TRÊS LEIS FUNDAMENTAIS DO UNIVERSO"

Evolução - Karma - Reencarnação

Zélia de Toledo Piza

Apesar destas três Leis estarem completamente entrelaçadas, pois cada uma existe em função da outra, vamos, todavia, tentar abordar os traços mais característicos de cada uma delas.

Conforme palavras do prof. José Henrique de Souza, evolução é a transformação da vida energia em vida consciência.

Poderíamos dizer que são as lentas modificações que se operam no Universo, visando um fim pré-estabelecido. A evolução obedece a Leis fixas.

No homem, é a resultado do Livre Arbítrio e se processa através de ciclos chamados reencarnação.

Para compreendermos bem o problema da evolução, precisamos nos lembrar de que o Universo provém de uma Unidade em estado potencial, mas em perfeito equilíbrio. Nesse estado, de perfeito equilíbrio, a Unidade não poderia criar a Universo. Precisou polariar-se, gerar um pólo positivo e outro negativo. Com a dinâmica desses opostos, tornou-se possível o surgimento da matéria.

Essa polaridade gerada no início da Criação dá ao Universo a característica fundamental do movimento. A vida em qualquer organismo nada mais é do que o movimento ou vibração provocados por essa polaridade, presente em toda a parte, nas mais variadas formas, como - som, luz, calor, magnetismo, afinidade química, eletricidade, emoção, pensamento etc. O repouso absoluto não existe. Tudo o que existe no Universo, desde os corpos que vemos no firmamento até o menor grão de areia são seres vivos, veículos da Essência Una, em vários graus de vibração. Existe um princípio ocultista que diz - "A matéria nunca é tão ativa como quando parece inerte".

  Essa polaridade cósmica, que sustenta a matéria, está presente no cotidiano de nossa vida como - bem e mal, sim e não, amor e ódio, alto e baixo, dia e noite... 

Esta Lei da Evolução, no ser humano, se exterioriza através de uma necessidade que transparece no homem como ansiedade, insatisfação, desejo de encontrar algo que lhe falta, sensações essas que o levam a buscar a origem das coisas, em suma, a buscar Deus.

O Universo, partindo do Eterno, entra em um processo de involução até o máximo de materialização, de polarização. É a transformação da vida energia em matéria e isso se realiza através de ciclos. Na base da involução que, no estudo da Cosmogênese, é o 4º grande ciclo, após criado o Universo, é que se completa a formação do hominal. Deste ponto máximo de descida começa a evolução que se caracteriza pelo progresso do homem na espiritualidade. O homem é  responsável pela evolução do Universo.

O caminho da descida é o caminho da divergência entre os opostos. É onde pode existir a maior força de atração dando os sólidos mas, também, pode existir a maior força de repulsão. Isto explica o estado de antagonismo reinante no mundo atual. Segundo a Teosofia, o ponto máximo de descida está começando a ser ultrapassado.

Cósmicamente falando, a polarização chegou ao seu final, porque o Universo não vai descer além deste ciclo que estamos vivendo. Agora, a polarização está ainda atuante no coração do homem, sendo que a sua neutralização é exatamente o objetivo da Evolução.

A partir deste estágio da vida Universal, até onde se manifestou a Vida Energia, deverá ter início a realização da Vida Consciência. É por isto que Santo Agostinho transmitia em sua filosofia e teologia a idéia: "Da Divindade viemos e a ela voltaremos".

A evolução do homem deve dar-se em seu interior, em sua alma, através da transformação da emoção, mas esta evolução se reflete também no corpo físico. A ciência, percebendo isto, desenvolveu estudos tais como o da Frenologia, estruturada por Franz Joseph Gall (1758 - 1828), e que foi sistematizada por Spurzheim. Investigando as características cranianas, acharam que havia localizações especificas para cada tendência. Este estudo deu mais tarde origem à Psicognomia, formulada por Paul Bouts em 1900, e que estuda também a conformação do crânio em relação à localizações das tendências. Afirma também que, através da conformação dos órgãos dos sentidos, podemos ver o reflexo das características do ser.

A Psicognomia está muitíssimo bem fundamentada - há traços no ser humano que expressam nitidamente fatores internos. Por exemplo, base do crânio reta dando apoio à testa, indica capacidade mental. Aquela entrada na parte superior do nariz, junto aos olhos, como conchinha, indica capacidade de reflexão. Nariz é traço de eficiência. A capacidade de persistência numa determinada atividade está nas saliências da aresta nasal.

Lábios bem formados, com comissura para cima, ascendente, pessoa esforçada, otimista. Com a comissura caída, ausência de dinamismo, desleixo. Comissura reta, sem desenho dos lábios, indica frieza, pessoa calculista.

Naturalmente, para chegar a uma conclusão, é preciso analisar a correlação entre as características; elas podem somar-se ou anular-se.

O discípulo, porém, pode desenvolver uma capacidade de percepção chamada causal. Sem analisar nada em detalhe, ele pode pressentir as características de uma pessoa. Aos poucos, através do desenvolvimento da intuição, ele começará conhecendo tudo a respeito de tudo no Universo.

A palavra Karma tem sua origem na palavra Sânscrita - Kri - que quer dizer ação. É portanto Lei da ação. Existe uma conhecidíssima lei da física que define bem o Karma. A toda a ação corresponde uma reação de mesma intensidade mas de sentido contrário.

Se pratico um ato positivo em determinado momento da vida, receberei uma conseqüência positiva, vindo do próprio ato, no momento presente, ou vinda em outra ocasião de minha vida presente ou em futuras vidas.

Se pratico um ato negativo, mesmo que tenha a impressão de que não estou recebendo conseqüências negativas no momento presente, certamente estarei recebendo as conseqüências no futuro desta vida ou em vidas futuras.

O Karma negativo, porém, não é fatal, inexorável. Posso modificá-lo praticando atos positivos que compensem os impulsos negativos. 

Em última análise, Karma é a Lei que rege todo o Universo. É ela que mantém o equilíbrio de nosso sistema solar. Todas as leis descobertas pelos cientistas não passam de aspectos do Karma.

O homem, sendo possuidor da capacidade de discernimento, possuindo o atributo Razão, é responsável por suas decisões. Com essa capacidade de ajuizamento sobre os acontecimentos que o cercam, o homem começa exercendo a grande Lei do Livre Arbítrio. Analisando mais profundamente essa Lei do Livre Arbítrio, vemos que ela é curiosíssima. Poderia ser definido como o direito que o homem tem de fazer o certo. Pelo seguinte: existe um caminho que devo percorrer, mas posso ir para a direita ou para a esquerda. Acontece que, toda a vez que o homem sai da estrada da sua realização pessoal, ele é fustigado pela Lei através do sofrimento, que o obriga a retroceder e entrar novamente no caminho ascensional. E o homem acaba percebendo que este direito de ir para a esquerda ou para a direita é muito relativo. Mas se este direito não existisse desapareceria a possibilidade de aquisição de consciência.

A máxima "Quem semeia vento colhe tempestade" é certíssima para os casos de Karma negativo, mas o Karma pode ser positivo. O que acontece é que quando é positivo é mais difícil de ser percebido, porque quando tudo vai bem, o homem não pára para analisar. Daí a idéia unilateral de que Karma só atua como princípio negativo. Daí a idéia de castigo que envolve o Karma. Mas os atos, sentimentos ou pensamentos positivos, dão como efeito atos, sentimentos ou pensamentos positivos. Ao contrário, os atos, sentimentos e pensamentos negativos dão como resultado atos, sentimentos e pensamentos negativos. Todavia, o efeito de um ato praticado está sempre condicionado ao grau de consciência de quem o praticou.

O Karma pode também ser gerado pela omissão. Às vezes, o Karma gerado pela omissão é mais terrível do que aquele gerado por uma ação errada - a Lei valoriza mais aquele que erra agindo do que aquele que se omite por preguiça ou por medo de errar.

No homem, o Karma pode ser analisado sob dois aspectos: Karma individual e coletivo. Individual é aquele recebido por causas geradas individualmente. O coletivo é o Karma adquirido pela ação de um grupo, uma raça e tem de ser esgotado pelo grupo. As pessoas da mesma família estão ligadas a um Karma comum. Por isso é preciso muito cuidado na convivência com membros de nossa família. Este estado de incompreensões, rivalidades, desafetos, existentes dentro de uma família, é natural, é resultado do Karma e é justamente isso que precisamos desfazer, anular, vencer.

Segundo a Teosofia, tudo quanto pensamos e sentimos fica registrado no chamado Akasha, que se constitui em um verdadeiro livro do Eterno. Registra todos os impulsos da alma. Isto significa que somos o produto de nós mesmos, vivendo o passado no presente e projetando-nos para o futuro. Os insucessos de hoje já foram construídos ontem. Como o ontem do amanhã é o hoje, então aquele que esteja vivendo egoisticamente já estará construindo seus insucessos de amanhã.

O Karma explica as desigualdades e diversidades de condições dos seres humanos. Não seria possível compreender a justiça de Deus se cada um tivesse apenas a oportunidade de uma vida.

Karma é uma Lei nem boa nem má; é apenas justa. É uma lei retributiva que recompensa e pune com rigorosa imparcialidade. Em seus efeitos é um reparador de todas as falhas e desequilíbrios humanos, corrigindo os erros com justiça.

Quanto ao sofrimento, temos um ponto a considerar: Ele pode ser causado por um erro mas, também, pelo esforço de vencer nossos condicionamentos, nossos problemas psíquicos. É preferível, porém, sofrer pela luta interna e não pelo erro. Aquele que sofre porque erra pode aprender a lição, mas o karma foi gerado por ele mesmo, enquanto aquele que sofre porque luta, um dia vencerá e o sofrimento cessará.

Para compreender o problema da Reencarnação, precisamos observar que tudo no Universo evolui em ciclos. São ciclos de nascimento, apogeu e decadência, claros e nítidos em todos os setores da Natureza. Já a própria vibração, base de tudo o que existe, é expressa por um ciclo. Os textos orientais nos dizem que há ciclos em que tudo volta à Unidade, chamados "Pralaya" e ciclos de evolução denominados "Manuântara" onde tudo começa novamente a ter natureza dual.

O ciclo das civilizações através da história, com nascimento, apogeu e decadência, é nítido.

A vida do homem - infância, maturidade, velhice e declínio.

Tudo reencarna. A teoria da reencarnação é a solução mais concebível para o enigma cósmico. A morte é um fenômeno necessário à evolução, pois em cada vida o homem adquire maior consciência, amplia seu conceito sobre o bem e o mal. Com a morte, ele abandona seus reflexos condicionados, pois inicia cada novo ciclo em nova alma. Essa alma nova será movimentada apenas por suas tendências fundamentais. Tendências essas que o homem deverá procurar equilibrar ao máximo, desenvolvendo princípios tais como: amor, inteligência e conseqüente aquisição de forças internas, que lhe permitam direcionar sua natureza no sentido da evolução.

Quando o homem equilibrar suas tendências, se reintegrará na sua Consciência Superior, partícula da Divindade, sendo que este é o objetivo único da evolução, quando cessará o Karma e quando o homem se libertará da Roda dos Nascimentos, porque terá vencido a morte.

Grandes pensadores que pressentiram a vida após a morte.

Sócrates (470 - 399 aC)- "Estou convencido de que existe realmente tal coisa como uma nova vida, de que a vida brota da morte e de que as almas dos mortos estão em existência".


Ralph Waldo Emerson (1803 - 1882) - "A alma vem de fora para dentro do corpo humano, como se estivesse entrando numa residência temporária e novamente sai dele... ela passa por outras habitações, pois a alma é imortal".


Jack London (1876 - 1916) - "Eu não comecei quando nasci nem quando fui concebido. Eu cresci e me desenvolvi através de incalculáveis miríades de milênios ... todos os meus eus anteriores têm suas vozes, ecos e inspirações em mim ... oh! deverei nascer novamente incalculáveis vezes".

 
Isaac Bashevis Singer (1904 - 1935) - "Não existe morte. Como pode haver morte se tudo é parte da Divindade? A alma nunca morre e o corpo realmente nunca vive".


Herman Hesse (1877 - 1962) - "Ele viu todas essas formas e rostos em milhares de relações ... tornarem-se recém-nascidas. Cada uma era mortal, um apaixonado e vigoroso exemplo de tudo o que é transitório. Mas nenhuma delas morreu, elas apenas mudaram, renasciam continuamente e sempre tinham um novo rosto; somente o tempo permanecia entre um rosto e outro". Prêmio Nobel - Sidhartha

 
Leon Tolstoi (1828 - 1910) - "Assim como vivemos através de milhares de sonhos em nossa vida atual, do mesmo modo nossa vida atual é apenas uma de muitas milhares dessas vidas através das quais entramos em outra vida mais real.., e então retornamos após a morte. Nossa vida é nada mais que um dos sonhos dessa vida real, e assim, ela é interminável, até a última, verdadeira vida - a vida de Deus".

   

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