"Corpos do homem"
Zélia de Toledo Piza
Deus é o equilíbrio perfeito e absoluto e, como tal, permanece em repouso. Qualquer manifestação do Uno tem de ser constituída de um estado vibratório. Para que houvesse estas variedades de formas e de consistências que se encontram no Universo, o estado vibratório não poderia ser de apenas uma intensidade, mas de várias. Vibrações que produzissem matérias de constituição bem sutil até aquelas que produzissem a matéria densa como esta que vemos e palpamos no estado evolutivo em que nos encontramos, e que, por sinal, é o mais denso estado possível de se atingir.
Isto quer dizer que nós estamos imersos em um mundo que se organiza dentro de certos limites vibratórios. A teosofia dá, a este limite conhecido pela ciência, o nome de plano físico. Então, acima deste plano, acima apenas com relação ao grau de vibração, encontram-se outros planos, cada um dentro de específicos limites vibratórios, sendo que todos eles, em número de sete, são do conhecimento da teosofia.
Não seria de se esperar que o homem surgisse no Universo completamente desligado dos outros planos, pois tudo constitui um todo e está intimamente relacionado entre si.
O homem, no estado evolutivo em que se encontra, não percebe os outros planos, mas ele possui sete corpos, cada um deles com capacidade de atuação em um determinado limite vibratório do Universo. Quanto maior o grau evolutivo, mais vai se tendo a percepção dos outros planos.
Empregando o termo "planos", podemos adquirir a idéia de que são camadas superpostas, mas isto não é verdadeiro. São camadas, por assim dizer, entrelaçadas, sendo que as menos densas interpenetram as camadas mais densas.
Cada ser, portanto, possui um corpo em cada plano, sendo que esses sete corpos estão interligados. Os corpos mais sutis envolvem o corpo físico. O homem traz, em si, possibilidades que, devidamente desenvolvidas, irão dando a ele a capacidade de percepção dos outros planos e, portanto, dos outros corpos seus.
Os sete corpos são, do mais denso para o menos denso:
1 - físico denso
2 - físico etérico
3 - astral
4 - mental concreto
5 - mental abstrato
6 - budhico
7 - átmico
Dos três planos mais sutis ainda não temos grande conhecimento.
Dos quatro mais densos já possuímos muitas informações, sendo que os três primeiros planos podem ser facilmente pressentidos e até desvendados pelo homem que resolva levar a sério a sua iniciação.
1 - Corpo físico:
O corpo físico é do conhecimento de todos os que já freqüentaram os bancos escolares, mas gostaria de chamar a atenção para os órgãos dos sentidos, que são os construtores da nossa emoção, aqueles que nos impelem às ações, que darão como resultado, nossas experiências na vida presente.
2 - Corpo etérico:
Constituído de matéria menos densa que a do físico, envolve-o em toda a extensão. Sua finalidade é estabelecer ligação entre o físico e os corpos menos densos. Para isso, possui inúmeros centros de força devidamente distribuídos, sendo que os principais são chamados chackras e constituirão estudo à parte.
Por ele passam, portanto, as mensagens colhidas pelo físico, transmitidas pelo sistema nervoso ao cérebro e daí levadas pelo etérico à sensibilidade do astral e à aprovação ou desaprovação do mental.
Assim como o físico necessita da circulação do sangue para distribuição dos princípios químicos necessários a sua sobrevivência, assim também, o físico pereceria sem a atuação do duplo etérico, pois este possui rede de canais que fazem as energias cósmicas circularem pelo nosso organismo, vitalizando-o Essas energias produzem o que se chama magnetismo pessoal. Há dois tipos de energia, uma positiva - prana e outra negativa - apana. É da aplicação destas energias que resultam a magia branca e a magia negra.
É o primeiro corpo a se formar após a fecundação do óvulo. Traz em si a força cósmica geradora da forma, ligada à Consciência Universal.
Está intimamente ligado ao corpo físico e, após a morte, sua desintegração segue de perto a desintegração do corpo físico. O duplo etérico é o elemento que aparece materializado nas sessões espíritas. Ele é menos denso que o físico, mas absorvendo as vibrações emitidas pelo pensamento dos que tomam parte na sessão, muda de estado, tornando-se mais denso e visível. É o que se chama de ectoplasma.
Separando o etérico dos outros planos há uma tela chamada tela Budhica. Esta tela é constituída de modo a evitar o contato direto do físico com os outros planos.
Perturbações nesta tela podem provocar fenômenos os mais variados, como por exemplo: paralisia, insensibilidade, estado hipnótico e outros estados para-psíquicos.
Essas perturbações podem ser provocadas pelo uso de entorpecentes, álcool em excesso, cigarro e também por choques emocionais.
3 - Corpo astral:
Constituído de matéria ainda menos densa, é a sede de nossas emoções. O que sente em nós, ao contrário do que se pensa, não é o cérebro, mas este corpo. Quer dizer que, se as mensagens colhidas pelos sentidos, chegassem ao cérebro e aí estacionassem, não expressariam emoção alguma. Aquilo que sente, é o astral. Como todas as nossas reações emocionais são traduzidas por vibrações, este corpo se apresenta com colorações características, que dependem do tipo de emoção elaborada e que têm sido descritas por clarividentes.
Estas vibrações têm a capacidade de atrair as vibrações harmônicas que se encontram pelo espaço, aumentando seu potencial, seja positivo ou negativo. Daí, aqueles que alimentam nesta vida emoções baixas, atraírem para si, esse potencial de energia negativa e cada vez mais ficarem impossibilitados de reagir para uma transformação.
Em compensação, aqueles que se cercam de pensamentos nobres e altruísticos, também atraem o potencial de energia afim, que os torna cada vez mais elevados.
Se o corpo astral fosse o último de nossos corpos, ele seria eternamente desgovernado e conduziria o homem ao total desequilíbrio e desorganização. Para controlar o astral o homem possui o mental que é corpo ainda mais sutil. Daí a necessidade da meditação, isto é, do uso do mental, para equilibrar qualquer de nossos distúrbios emocionais.
Após a morte, o ser vive neste plano o tempo necessário para esgotar as vibrações, ou melhor, as energias emocionais acumuladas durante a vida terrena. É preciso que o homem equilibre o seu astral quanto antes, analisando todos os seus excessos bem como todos os seus recalques, pois ambos trarão tormentos quando da permanência do ser no astral, depois da morte.
O ideal seria o domínio do astral pelo homem enquanto vivo e, para isso, a teosofia conhece processos especiais.
Durante o sono, nossa vivência é toda no astral e, se conseguirmos, com o uso da nossa vontade, recordar os sonhos, iremos analisando e burilando nosso astral a tal ponto que passaremos a dominá-lo. Assim, a passagem para este novo estado, após a morte, não seria nada penosa.
4 - Corpo mental concreto:
Constituído de matéria ainda menos densa, também envolve nosso corpo físico. É a sede de nossos pensamentos e de nosso raciocínio.
Sua matéria está em constante movimento e sua sutileza possibilita a elaboração contínua e constante das imagens correspondentes a nossos pensamentos. Cada um desses pensamentos fica aí impresso, mesmo depois de cessadas as formas, aguardando oportunidade para sua materialização. Daí a grande importância da qualidade de nossos pensamentos. Eles seguem a lei de Karma - após a causa, aguardam o efeito.
Eles se constituem de vibrações e, portanto, como já foi dito a respeito de nossas emoções, pairam no espaço, como ondas de uma rádio emissora, a espera de aparelhos receptores capazes de captá-los.
Quanto ao mental, quero focalizar o fato de que mais e mais precisamos ir nos desligando do raciocínio, isto é, precisamos mais e mais ir nos desligando das imagens, para entrarmos no estado chamado estado de budhi, que é a capacidade de ver diretamente sem argumentação. Isto só é conseguido através da meditação. O homem comum não consegue fazê-lo, daí chamar-se de alma ao conjunto emoção e razão.
O ser faz também, após a morte, um estágio neste plano.
5 - Corpo mental abstrato
6 - Corpo budhico
7 - Corpo átmico
Estes três corpos menos densos constituem a parte espiritual do homem. É um estado de ser próximo à estabilidade e perfeição do Uno. Só será entendido por aquele que atinja esse estado, pois, mesmo que alguém já o conhecesse, não poderia descrevê-lo dentro dos limites do nosso conhecimento.
Eles formam o que também é conhecido como corpo causal e é lá que se imprimem as características e os valores que constituirão o cabedal para a próxima reencarnação. Este cabedal reencarna em um ser cuja alma é nova. Esta a razão de não nos lembrarmos das vidas passadas. Este fato nos dá idéia do quanto é importante o meio ambiente e a educação da criança que traz a alma virgem. A mãe desde o tempo de gestação pode influir de modo decisivo sobre a alma do novo ser.
Só um ser muito evoluído, para fins de missão especial, pode reencarnar com sua alma anterior.
Pelo exposto, podemos deduzir, em última análise, que somos ternários:
1 - Físico - constituído pelo denso e etérico.
2 - Alma - constituída pelo astral e mental concreto.
3 - Espírito - constituído pelo mental abstrato, por budhi e por atmã.
Por trás e acima de todos esses corpos, impulsionando-os ao contínuo evolver, está a centelha divina ou o Purusha que anima cada um de nós. Se pararmos um minuto para meditar sobre este pormenor, ficaremos estarrecidos ante a responsabilidade que nos foi imposta. A parte que está sob nosso controle e domínio é, por assim dizer, o templo da Centelha Divina. Sem a nossa colaboração, ela nada pode fazer. Só a nós, com nosso livre arbítrio e nossa vontade, cabe cuidar destes corpos. É preciso equilibrá-los de tal forma que eles sejam realmente um veículo, o mais perfeito possível, dentro de suas limitações evolutivas, para que o nosso Purusha tire desta vida a sua melhor e mais completa experiência.