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"Iniciação simbólica e iniciação real"

 Zélia de Toledo Piza

    Iniciação quer dizer dar início a alguma coisa. No sentido esotérico é dar início à auto-realização.

    A iniciação vem sendo empregada através dos tempos; no Egito, pelos hierofantes, na índia, pelos Rishis ou sábios da antiguidade, no Tibet, pelos Lamas, em colégios na Ásia Menor, na Europa...

    O objetivo sempre foi preparar o candidato, palavra que vem de "candidus - candida - candidum - adjetivo = sincero, franco, puro", aquele que se despe de toda idéia pré-concebida. A idéia é iniciar uma vida nova que passa a ser moldada pelas leis universais.

    Iniciação simbólica é adquirir o conhecimento das verdades através das revelações, seja dentro de um colégio iniciático, seja fora e não aplicar nada na vivência diária. O esoterismo tem muitos símbolos, e os mistérios são apresentados através deles,  como por exemplo:

            e muitos outros...

   Iniciação simbólica é conhecer esses símbolos no seu aspecto exterior, sem penetrar no âmago de seu significado e sem transformar o seu sentido transcendente em vivência.

    A pessoa pode ter um cabedal imenso de dados, de informações esotéricas, pode até pôr em prática os processos apresentados, como Yogas, entoar mantrãs e estar fazendo uma iniciação simbólica, porque estará realizando tudo de forma mecânica, decorada, sem envolvimento, sem percepção da profundidade dos ensinamentos.

    A iniciação começa a ser real quando o indivíduo começa a sentir dentro de si mudanças de parâmetros para ajuizamento a respeito do mundo dentro do qual ele vive, a respeito das situações nas quais se acha envolvido. Quando ele começa percebendo a finalidade da vida sobre a face da terra. Quando ele olha para trás e não gostaria de voltar a ser como era antes.

    O caminho da iniciação real tem 7 etapas, que envolvem controle físico, emocional e mental.

    A constituição esotérica do homem está detalhada no livro "O Homem e o Universo".

    A iniciação real tem por objetivo organizar os vários veículos do homem para restabelecer a ligação com a Consciência Superior.

    Este encontro com a Consciência Superior é um imperativo da alma humana. Existe uma exigência interior para a busca de algo superior, por isso, desde os primórdios, a humanidade busca Deus das mais variadas formas. É daí que surgiram todas as religiões. Só que o homem busca fora, o que deve procurar dentro. Ele se apega a seres e passa a adorá-los e a esperar deles o beneplácito da salvação e esquece-se de que cada um é que tem de estabelecer a sua luta para chegar à plenitude de sua Consciência Superior.

    O caminho para a auto-realização vem desde a mais remota antiguidade. Aparece nos Vedas, livro da tradição hindu, e está sintetizada na Yoga de Patanjali, que apresenta, detalhadamente um processo de organização interna.

    O processo da Yoga de Patanjali está detalhado no livro "Equilíbrio Pessoal" (ainda a ser editado).

    O segredo da iniciação real está em trabalhar a vida interior, em desenvolver estes nossos corpos inferiores conjuntamente - físico, emocional e mental. Evolução implica em mudança, em insatisfação até que se alcance a meta da perfeição.

    Desde a época dessa tradição milenar até os dias da hoje, de tempos em tempos, têm surgido grandes Seres, como Krishna, Budha, Cristo, Maomé e outros, procurando apresentar sempre um caminho para essa realização. Todos mostram as mesmas verdades fundamentais. A divergência entre as religiões acontece porque, em cada ciclo histórico da humanidade, aparece um destes seres que trazem uma tônica do conhecimento primordial, um determinado nível de conhecimento, uma técnica de realização adequada ao entendimento da humanidade naquele momento. Esses seres, segundo o conhecimento iniciático das idades, são sempre a mesma Consciência. Acontece que essa Consciência necessita de um veiculo físico que tenha as características do povo que habita a região onde ela vai se manifestar e, por isso, essa Consciência precisa habitar um corpo humano. Se, todavia, analisarmos o que disseram esses grandes Seres, veremos que vêm dizendo sempre a mesma coisa, apenas com palavras e com símbolos diferentes.

    Por exemplo, a trindade divina está presente em todas as religiões e tradições - Pai, Mãe, Filho. No Cristianismo, Pai, Filho Espírito Santo; entre os Hebreus, Kether, Cochmah, Binah; entre os Hindus, Brahma, Vishnu e Shiva; entre os Egípcios, Osíris, Isis e Horus; entre nossos aborígines, Tupã, Cecy, Coracy. Todos eles propõem a escolha de um caminho justo, de um caminho honesto; todos propõem a compreensão e o entendimento entre os homens.

    O que diferencia é a interpretação da verdade; cada grupo limita, circunscreve a verdade e forma dogmas que ficam ligados ao ser que trouxe os ensinamentos e daí o Budismo, o Confucionismo, o Islamismo, o Cristianismo. Mas os Seres nunca fundaram a religião. Eles vêm com a finalidade de reavivar na mente dos homens sempre a mesma verdade, porque o homem tende a se esquecer desses princípios básicos.

    É por esta razão que devemos aceitar todas as religiões, porque todas elas trazem em seu âmago as mesmas verdades primordiais. A pessoa precisa procurar separar a verdadeira revelação das interpretações dadas pelos homens e , dessa maneira, passar a entender melhor a sua própria religião, seja ela qual for, passando a praticá-la no seu verdadeiro e mais profundo sentido.

    Se analisarmos, todos eles apresentam caminhos para a realização interna do homem, caminhos que envolvem a mente, o coração e a ação. É na alma, e na ação dentro do mundo físico, que se processa a evolução do homem.

    Mas o que tem acontecido com o passar dos tempos?

    Pela dificuldade que o homem tem de desvendar o seu próprio interior, a ciência psicológica foi caminhando para o materialismo, cuja representação mais sistematizada é o behaviorismo. O behaviorismo abandona o método introspectivo e se baseia na fisiologia nervosa, no comportamento, nas reações físicas.

    Não se negam os fatos objetivos e a importância de observá-los, mas simplesmente afirma-se que os fenômenos objetivos são reflexos dos fenômenos de ordem psíquica e até espiritual.

    Se por um lado os estados emotivos provocam reações fisiológicas e vice-versa, por outro lado temos o fato de que a descrição das reações fisiológicas não explicam os fenômenos psíquicos. É perfeitamente possível descrever e explicar o mecanismo material das sensações, mas com isto a sensação mesma não fica esclarecida. A psicologia experimental ocupa-se essencialmente com o comportamento, com as reações físicas, nada adiantando a respeito do conhecimento dos processos conscientes das emoções, do pensamento e de outras faculdades elevadas. Cada pessoa reage de maneira diferente ante um mesmo estímulo; isto por causa de seu cabedal interno ser diferente, o cabedal relacionado à consciência, tais como sensibilidade, sentimento, emoções, valores morais, inteligência. Todos eles são particulares a cada um.

    O conhecimento exterior se faz pelos cinco sentidos e são passíveis de serem observados e medidos. O conhecimento de fatos subjetivos só pela introspecção. Existem linhas da psicologia que preconizam a interiorização - Yung, a Traspessoal, a Análise Transacional, a Gestalt etc.

    A finalidade de um trabalho de auto-realização é a de descobrir processos que auxiliem essa transformação interna do homem.

    O fundamento de qualquer transformação é o trabalho dos elementos da alma - mente e emoção conjugados com o fiel da balança que é a Vontade.

    O homem, no estágio atual de sua evolução, é impulsionado à ação motivado por sua emoção. O homem busca um prazer imediato, mas, nem sempre esse prazer condiz com aquilo que seria justo fazer numa determinada situação.

    O objetivo é desenvolver o grau de consciência de cada um, ampliando cada vez mais a sua capacidade de discernimento e, portanto, sua capacidade de distinguir o certo do errado. Distinguindo o certo do errado, a pessoa deve passar a agir de acordo com esse certo a custa de sua vontade, mesmo que não haja um prazer imediato.

    Aos poucos, o homem vai ampliando seu grau de consciência, ou seja, vai deixando a Consciência Superior atuar através de sua alma, até que, um dia, ele se igualará a sua própria Consciência, ou seja, se igualará a Deus, porque domina todas as Leis Universais.

 

 

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