"NECESSIDADE DA ANÁLISE DO CONTEXTO"
Zélia de Toledo Piza
O fundamento de toda a auto-realização é - "Homem, conhece-te a ti mesmo".
Nós somos o produto de nossas características inatas, mais a influência do meio. O que é que se constitui no meio? É o arcabouço social, político, econômico, cultural etc.
Se analisarmos, veremos que a personalidade do homem decorre de um jogo entre três fatores - mente, emoção e vontade (veja mais detalhes no livro "O Homem e o Universo"). Para realizar esse jogo, portanto, para realizar o fenômeno da auto-realização, precisamos conhecer os componentes de nossa alma e saber manipular esses elementos de forma a alcançar o equilíbrio.
É preciso, primeiramente, tomar consciência das Leis que regem mente e emoção e procurar aplicá-las em nossa vida.
Algumas Leis da mente:
-CONTRADIÇÃO - resultante dos princípios polares que estruturam nossa mente e que nos levam sempre a ter dois caminhos de escolha, fato que traz como conseqüência, a dúvida antes da resolução final.
- IDENTIDADE -princípio que rege o pensamento analógico. É a capacidade de associar idéias.
- REPETIÇÃO - quanto mais vezes passamos por um certo assunto, visto sob ângulos diferentes, mais o fixamos.
- MEMÓRIA - que depende da atenção, da observação e da concentração.
(mais detalhes sobre a mente serão encontrados no livro "Equilíbrio Pessoal" de minha autoria, ainda em processo de edição)
A MENTE TEM FUNÇÕES QUE PRECISAMOS CONSCIENTIZAR E DOMINAR
- ANÁLISE CRÍTICA - capacidade de analisar aquilo que ouvimos, julgando se é ou não construtivo. Caso seja construtivo, ter capacidade de ajustar a idéia ao processo de nossa vida.
- FINALIDADE OU UTILIDADE DOS CONCEITOS PARCIAIS que vamos formando - uma conseqüência do espírito crítico.
- DISCERNIMENTO - avaliar o valor de cada coisa. Saber como aplicá-las na vida.
- CAPACIDADE DE OBEDECER A UMA ESCALA DE VALORES. Ter Vontade forte para agir de acordo com os ditames da consciência.
ALGUMAS LEIS DA EMOÇÃO
- SERENIDADE - ter tranqüilidade interior para enfrentar os entrechoques da vida.
- RESIGNAÇÃO - não passiva, mas ativa. Conformar-se com aquilo que nos acontece mas lutar para sobrepor-se aos acontecimentos negativos.
- DETERMINAÇÃO - saber que direção tomar após análise cuidadosa de todos os aspectos da situação.
- ALEGRIA - mesmo dentro das dificuldades e perplexidades da vida, manter o otimismo.
- SENSO DE HUMOR - encontrar sempre o lado positivo de todos os acontecimentos. Manter uma atitude que poderíamos chamar de espírito esportivo.
- COMPREENSÃO - em relação ao que acontece conosco bem como com a forma como nossos semelhantes agem, pois somos todos diferentes.
- HARMONIA - não levantar polêmicas, muito menos praticar agressões. Procurar compreender as situações e, sobretudo, nossos semelhantes.
- JUSTIÇA - capacidade de praticar o ato adequado às necessidades do momento que está sendo vivido. Exige treino de análise da situação em que estamos envolvidos.
( mais detalhes sobre a emoção serão encontrados no livro "Equilíbrio Pessoal").
Todas estas Leis da mente e da emoção estão claras e nítidas na ciência. A psicossomática, por exemplo, afirma que, se lesarmos as leis da emoção, as Leis do equilíbrio psíquico, inevitavelmente entraremos num processo de desequilíbrio orgânico.
Para a ciência detectar esses detalhes da alma e qual a dinâmica desses fatores, precisou descobrir como se estrutura a personalidade. A psicologia do desenvolvimento, fundamentada por vários estudiosos como Paul Mussen, Piaget e outros, afirma que o homem nasce com um conjunto de características biológicas genéticas, que determinam sua constituição física, seu temperamento, suas tendências, seu ritmo de maturação, características que fazem de cada pessoa um ser diferente do outro. Esta afirmativa da ciência está de pleno acordo com a lei da reencarnação. (A reencarnação é tratada com mais detalhe no livro "O Homem e o Universo")
Pois bem, a direção que todo este panorama biológico vai tomar, dependo da influência do meio ambiente. O meio é determinante na formação da personalidade, daí a necessidade de se conhecer o contexto.
A natureza fundamental do indivíduo, em contato com os estímulos do ambiente, vai gerando ao longo da vida novas estruturas ligadas ao fenômeno do condicionamento (veja mais detalhes no livro "Equilíbrio Pessoal"). Para nos conhecermos, precisamos tomar consciência dessas influências que recebemos durante o período de maturação, que vai desde o ventre materno até 7 a 14 anos de idade, quando a personalidade está estruturada. Depois disto, diz a ciência, qualquer modificação necessita de processo consciente, tal como o proposto pelas terapias e tal como o proposto pela iniciação.
Somos o produto da forma como os adultos com os quais convivemos agiram, pensaram, sentiram e se relacionaram conosco bem como dos exemplos que nos forneceram com o relacionamento entre eles mesmos. Hoje, somos também o produto dos meios de comunicação que invadem nossos lares.
O homem, na infância, é um ser dependente. Não tem defesas nem no campo mental, em termos de conhecimentos, nem tem capacidade de análise, portanto, de discernimento, que são atributos da mente racional.
No campo emocional, a vida afetiva depende do intercâmbio com os seres do ambiente.
A criança conceitua a vida não pelo mental mas pelas sensações agradáveis ou desagradáveis. Por outro lado, absorve tudo, pois seu objetivo é a maturação, é estruturar a personalidade. Ela está em uma tentativa contínua para conhecer; ávida por novas experiências, insaciável na curiosidade, necessidades inatas de sobrevivência.
Ao longo da vida, nesse período de maturação, em que o ser é indefeso, o ambiente exerce pressões tremendas sobre seu psíquico, pressões já perfeitamente identificadas pela ciência e que poderão ser analisadas em outra oportunidade (pressões estas que serão esmiuçadas no livro "Equilíbrio Pessoal"). Precisamos tomar consciência dessas pressões para nos libertarmos de determinadas cargas psicológicas como por exemplo: insegurança, falta de autoconfiança, ansiedade, angústia, insatisfação indefinida.
Quando recebemos certos conhecimentos direcionados à auto-realização, já estamos formados ou deformados pelo contexto. Tudo quanto se passa ao redor fica registrado em nosso cérebro e passa a atuar de forma inconsciente sobre nosso comportamento consciente. Existem provas científicas, particularmente as do Dr. Penfield ( mais detalhes no livro "Equilíbrio Pessoal").
Para tomar consciência desses dados que influíram em nós e das distorções que provocaram, há necessidade de uma análise crítica do contexto, do cotidiano. - família, sociedade, sistema cultural, sistema político, inclusive, e sobretudo as influências do sistema capitalista que nos impingem uma série de preconceitos de natureza econômica -"compre, adquira"; de natureza afetiva -"demonstre afeto dando coisas, dar coisas é que significa afeto"; de natureza moral -"fume, cigarro é saúde, beleza, amor, sucesso"; de natureza instintiva - a exploração da sexualidade, terreno no qual a sociedade acidental apresenta tremenda incoerência, de repressão por um lado e solicitação por outro.
Sabe-se hoje que um dos fatores mais desestruturadores da personalidade é a incoerência e, no entanto, todos os sistemas dentro do qual vivemos são riquíssimos em incoerências.
Tudo isso e inúmeros outros pontos influíram em nossa formação. Nenhum de nós saiu ileso dessas marcas que nos impedem de alcançar o objetivo da auto-realização, que é o do equilíbrio. Esquecer essas influências, menosprezá-las, recalcar seus efeitos seria como construir nossa trajetória sem alicerce sólido.
Se aquilo que foi colocado dentro de nós à revelia não for reanalisado, reajustado às necessidades reais de nossa vida atual, continuaremos vivendo de forma inconsciente à mercê das opiniões colocadas dentro de nós pela nossa educação.
Somente quando procedermos a uma auto-reeducação, somente ao nos tornarmos conscientes de nossas reações e verificarmos se estão de acordo com as Leis Universais, estaremos a caminho de alcançar, um dia, nossa consciência Superior.
Somente analisando o contexto, inclusive em seu aspecto político, procurando formas ideais de se governar, poderemos deixar um mundo mais bem organizado e mais tranqüilo para nossos descendentes.