"QUESTIONAMENTOS ATRAVÉS DOS TEMPOS"
Zélia de Toledo Piza
Desde a mais remota antiguidade que o homem vem cogitando a respeito das origens e finalidades da
vida.
A tradição Egípcia nos conta que, já há milhares de anos, a Esfinge está postada na entrada do deserto do Sahara, próximo à cidade de Gize, desafiando os transeuntes a resolverem o grande enigma: "QUEM ÉS? DE ONDE VENS? PARA ONDE VAIS?"
O homem tem procurado responder a essa indagação milenar, através das religiões, das teorias
filosóficas, das explorações arqueológicas, das investigações dos geólogos, dos físicos, dos biólogos,
dos astrônomos e de outros ramos da ciência da atualidade, mas ainda não se conseguiu a resposta
definitiva.
Até 400 anos antes de Cristo, o homem se preocupava apenas com os fenômenos da natureza e
procurava explicá-los de forma religiosa e mística, supersticiosa. A partir do pensamento clássico, na
Grécia, o interesse dos filósofos passou a girar em torno do homem e do espírito. Com Sócrates, Platão
e Aristóteles, a filosofia sai da Metafísica e começa a desvendar, de forma mais sistemática, o
metabolismo psico-mental do ser humano, sobretudo a inteligência e a moral.
Sócrates, por exemplo, achava que a melhor forma de servir à pátria seria através de suas próprias
atitudes, vivendo justamente e formando cidadãos sábios, honestos e equilibrados.
Apesar de todos os esforços despendidos, o homem continua imerso na ignorância de si mesmo e do
mundo que o cerca e, portanto, em estado de angústia.
As descobertas científicas, ao invés de possibilitarem uma vida mais amena e mais tranqüila para o
homem sobre a face da Terra, têm gerado maiores ansiedades e temores.
Analisando a opinião de vários pensadores que têm se preocupado com o destino dos homens,
podemos inferir que há necessidade de um desfecho violento para que a linguagem do passado se
dissolva e, tal como acontece com a fênix, de suas cinzas, brote uma nova visão de inter-relacionamento
humano.
São inúmeras as profecias que apontam um fim calamitoso para a humanidade, mas, em contraposição,
também existem inúmeros pensadores afirmando que o homem pode mudar esse panorama.
O professor José Henrique de Souza, que lançou as bases da filosofia Eubiótica, afirma: "Mas, apesar
de todo esse lastro de horrores e desenganos, não se quer dizer que não possam haver
modificações... Bastaria que os Homens de boa vontade quisessem trabalhar, em conjunto, a
favor de uma Paz duradoura".
Para tornar esta fase que estamos vivendo agora, de reavaliação e renascimento, tão indolor quanto
possível, mister se faz que o homem modifique suas atitudes, que ele deixe de reagir de forma
competitiva e agressiva, que haja uma reformulação nas relações sociais e na própria organização social. Mister se faz que o homem aprenda a dirigir o seu próprio destino, como indivíduo e como nação.
Se conseguirmos essas modificações imprescindíveis, estaremos aptos a participar de uma transição
cultural harmoniosa e pacífica tal como se encontra registrada na filosofia Chinesa, no "Livro das
Mutações": "O movimento é natural, surge espontaneamente. Por essa razão, a transformação do
antigo torna-se fácil. O antigo é descartado, e o novo é introduzido. Ambas as medidas se
harmonizam com o tempo, não resultando daí, portanto, nenhum dano".
Alcançar, ou não, este ideal de harmonia, dentro deste momento convulsionado do século XX, depende
do homem, daí a necessidade de refletirmos sobre aquele dístico inserido no
pórtico do templo de Delphos, na Grécia: "Homem, conhece-te a ti mesmo".