Evolução do conhecimento

Zélia de Toledo Piza

Nos tempos primitivos, o conhecimento era empírico, como resultado dos acontecimentos objetivos, imediatos.

Sócrates - 470 a 399 a.C. - foi o primeiro que procurou estruturar um pouco o ato de conhecer. Ele estabeleceu uma relação entre virtude e conhecimento; e sua moral é equilibrada pelo intelectualismo.

Os pontos principais do estudo do conhecimento socrático são: ironia, maiêutica, introspecção. Antes de tudo é preciso livrar o espírito dos conhecimentos errados, dos preconceitos. Este é o momento da ironia, ou seja, da crítica. O homem deve desligar-se da tradição e refletir racionalmente sobre as coisas. Só assim conseguirá realizar o conhecimento verdadeiro, estabelecendo o que já poderíamos chamar de ciência.

A instrução não deve consistir na imposição de idéias e doutrinas ao educando, mas o mestre deve tirar o conhecimento da mente do aluno, o que vem a se constituir na maiêutica, que ele comparava ao parto humano, porque, com esse método, conseguia-se o parto das idéias. O homem tem tudo dentro de si, daí o famoso dito de Sócrates - Homem, conhece-te a ti mesmo.

Ele estabeleceu um processo lógico formado por três proposições - a premissa maior, a premissa menor e a conclusão, de tal modo que a conclusão é deduzida da maior por intermédio da menor. A esse processo deu o nome de Silogismo.

O princípio do silogismo é o seguinte: o que se afirma em relação a um todo, pode-se também afirmar em relação às partes desse todo; o que pode ser negado em relação ao todo, pode ser também negado em relação às partes do todo. Um exemplo tradicional de silogismo é:

l. Todos os homens são mortais.

2. Pedro é um homem.

3. Logo, Pedro é mortal.

Platão - 428 a 348 a.C. - tal como Sócrates, parte do conhecimento empírico, sensível para chegar ao conhecimento intelectual, conceptual e universal. O conhecimento imediato, só pelas sensações, não explica valores do belo, da verdade e da bondade que são opostos ao feio, ao erro e ao mal, distinção que não pode ser alcançada sem o intelecto.

Platão é que dá ao conhecimento racional, científico, uma base real.

Para Aristóteles - 384 a 322 a.C. - a filosofia deve decifrar o enigma do universo. Ele é o criador da lógica como ciência. A sua filosofia parte da experiência. Ela deve ser dedutiva com o emprego do intelecto. A sua filosofia abrange as teorias da física, da matemática, da metafísica e da teologia, tudo num terreno mais prático, abrangendo a ética e a política.

As ciências, tanto platônica quanto aristotélica, são objetivas, realistas e o seu processo é o silogismo com argumentos tirados da experiência. Aquilo que é percebido pelos sentidos deve passar pelo crivo do intelecto, por indução e deve chegar ao geral para obter, através de deduções, as leis universais.

No terceiro século depois de Cristo, com Plotino - 205 a 270 -, surge o Neo-Platonismo. A busca do conhecimento é igual à do pensamento platônico, pois desvaloriza as sensações e enaltece o pensamento.

Só a razão atinge a essência das coisas. O conhecimento só alcança seu clímax no êxtase, no contato direto com o Uno, ou seja, Deus.

No período cristão, Santo Agostinho -354 a 430 - da escola Patrística, considera a filosofia platonicamente como solução do problema da vida, sendo que só o cristianismo pode dar a solução integral. Embora desvalorizando o conhecimento sensível em relação ao intelectual, admite Agostinho que tanto os sentidos como o intelecto são fontes do conhecimento, sendo necessária apenas a luz da parte espiritual.

Na Escolástica, Tomás de Aquino - 1.225 a 1.274 - considera a filosofia como disciplina teórica - ela é empírica e racional. A verdade lógica não está nas coisas e nem no intelecto, mas na adequação entre a coisa e o intelecto.

No século XVI surge a Renascença, quando várias escolas antigas são rememoradas.

Com Descartes - 1.596 a 1.650 - inicia uma filosofia com investigação metódica. Seu método pode ser sintetizado em quatro momentos - intuição, análise, síntese e enumeração completa. Parte de uma dúvida metódica e caminha criticamente a fim de superá-la e conquistar a verdade total.

Citaremos outros aspectos importantes na evolução do conhecimento:

1.        Francis Bacon - 1.561 a 1.626 - foi o iniciador do empirismo com seu método indutivo. O seu método compreende uma parte negativa ou crítica e outra positiva ou construtiva. A primeira parte consiste na observação acurada na qual se avaliam todas as possibilidades do objeto analisado, e a outra suas correlações possíveis, caminhando para o universal.

2.        As maiores correntes filosóficas contemporâneas são:

a)      O Idealismo de Kant - 1.724 a 1.804. Além das coisas objetivas há um mundo de coisas que não se conhecem.

b)       O Positivismo, cujo principal vulto é Augusto Comte - 1.798 a 1.857 -, admite como fonte única de conhecimento e critério de verdade, a experiência, os fatos positivos, os dados sensíveis. Não aceita nenhuma justificação transcendente ou imanente para a experiência.

c)      O Idealismo alemão de Spinoza - 1.632 a 1.677. Ele prega um monismo imanentista. Há um Deus único que está em tudo e a Ele devemos nos voltar para conhecimento pleno.

d)      Hegel - 1.770 a 1.831 - inventa uma nova lógica - a dialética. Tudo tem dois aspectos e é preciso considerar ambos para se chegar a uma realidade absoluta.

Ultimamente, cada vez mais, surgem dentro da filosofia linhas que buscam obter o conhecimento puro através da interiorização, ou seja, da meditação, para intuir as verdades transcendentes, porque cada vez mais o homem se convence de que é o microcosmos e traz tudo dentro de si.

 

 

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