Existem várias classificações para os temperamentos, como as de Kretschmer, de Gruhle, de Sheldon etc., mas a mais conhecida é a do Hipócrates, confirmada por Aristóteles: colérico, melancólico, sanguíneo, fleumático ou linfático.
Rudolph Steiner defende a idéia de que os temperamentos devem ser considerados quando se planeja a forma de transmitir o conhecimento.
O trecho que se segue é retirado do livro "Os quatro temperamentos" de Glas, Koenig e Heydebrand.
"As qualidades que constroem o temperamento sãos: excitabilidade e energia.
1. Colérico - grande energia e grande excitabilidade.
2. Melancólico - grande energia e pouca excitabilidade.
3. Sanguíneo - pouca energia e grande excitabilidade
4. Fleumático ou linfático - pouca energia e pouca excitabilidade.
Energia significando poder, força - força para viver e suportar; e excitabilidade, um maior ou menor grau de sensibilidade, de capacidade de reagir, bem como se o indivíduo é lento ou rápido no apreender uma situação ou impressão e em fazer uso delas.
Uma pessoa sanguínea será muito sensível a qualquer impressão nova. Ela a apreenderá rapidamente, mas também irá muito rapidamente dirigir-se a alguma outra coisa que poderá distraí-la do seu Interesse inicial.
Uma pessoa colérica tem a mesma excitabilidade forte mas é também igualmente forte em energia. Tal indivíduo manterá seu interesse em algo por um considerável período e não o abandonará antes de haver alcançado compreensão e domínio do assunto.
Uma pessoa fleumática é vagarosa no reagir e fraca em energia. É facilmente influenciada pelo seu ambiente porque tem pouca iniciativa própria.
O temperamento mais peculiar é o melancólico. De pouca excitabilidade mas de grande energia, o melancólico apodera-se rapidamente do assunto escolhido. Pessoas melancólicas aceitam com facilidade idéias especiais e facilmente se fixam nelas. Entre os fanáticos e especialistas existem muitos de temperamento melancólico.
Parece que a energia está relacionada com o poder da vontade e a excitabilidade com a esfera dos sentidos".
Existe uma oposição entre os temperamentos: o fleumático raramente apresenta sinais de um temperamento colérico, e o sanguíneo e o melancólico são incompatíveis. Cada temperamento tem, no entanto, dois companheiros, os quais variam em intensidade e aparência.
Como é difícil identificar o temperamento de uma pessoa, às vezes será necessário procurar pelo temperamento que não está presente. Se, por exemplo, a qualidade da melancolia está completamente ausente, o temperamento polar oposto, sanguíneo, será o principal. Esta chave para diagnóstico é freqüentemente de grande ajuda. Chopin era um melancólico, Wagner e Mozart eram sanguíneos e Napoleão era colérico.
A seguinte história, que ilustra perfeitamente as reações dos temperamentos, foi retirada do livro "A educação Waldorf", de H. V. Kugelgen.
“Num caminho, quatro pessoas chegam sucessivamente a um obstáculo, uma grande pedra caiu e obstruiu a passagem.
O sanguíneo vem cantando; ao ver a pedra, brinca sobre ela e alegremente continua a viagem. Pouco depois, vem o fleumático; chega ao local, pára um largo tempo; finalmente, encontra um desvio que lhe permite dar volta ao obstáculo e, vagarosamente, continua seu caminho. A seguir, chega o terceiro, o melancólico: "Claro, estas coisas só acontecem a mim!". Permanece muito tempo sentado sobre a pedra, refletindo até o ponto de esquadrinhar como o infortúnio chegou ao mundo e por que esse infortúnio sempre há de lançar obstáculos precisamente nos caminhos que ele utiliza. Levanta-se e volta para casa. Finalmente, aproxima-se o colérico, com passo decidido; vê a pedra, detém-se por um segundo e logo a empurra com disposição, até que consegue tirá-la do caminho. Continua sua marcha, não deixando de voltar-se algumas vezes para contemplar com satisfação seu êxito”!.
Na Educação Waldorf se concede tanta importância ao temperamento que, na sala de aula, as crianças são agrupadas segundo esses quatro tipos e boa parte do ensino é preparado levando-se em consideração cada grupo, de maneira que o ensino atinja a todos.
Ao lado das janelas são agrupados os fleumáticos inertes; no lado oposto, junto à parede, os coléricos, os quais, ainda que na parte mais escura da classe, ocupar-se-ão para que não lhes falte o elemento fogoso e faiscante. Entre esses pólos opostos, colocam-se os melancólicos meditabundos e os sanguíneos vivazes e volúveis. Assim, o dirigente do coral terá organizado o grupo segundo quatro vozes e quatro tonalidades. E ele terá que reger ora estimulando um grupo, ora estimulando outro, segundo suas características peculiares.
O livro acima citado descreve muito bem o jogo que deve ser feito ao se lidar com os 4 temperamentos, tirando proveito de um grupo para apaziguar e direcionar o outro.