ADENDOS

 

 

GUERRAS ENTRE HIRCANO II E ARISTÓBOLO II

 

HISTÓRICO DOS TRIUNVIRATOS

 

TRADIÇÃO HEBRAICA

 

A DIÁSPORA

 

SÍNTESE DO MOVIMENTO SIONISTA

 

 


 

PARA QUEM SE INTERESSAR 

- Detalhes sobre as guerras entre Hircano II e Aristóbolo II

 

Após a morte de Alexandra, em 67 a.C., disputando a sucessão, surge uma guerra entre Hircano II e seu irmão Aristóbolo II. Hircano II que, orientado por Antipater, seu conselheiro Idumeu, conseguira o auxílio de Aretas, rei dos Nabateus, povo que, vindo do Edom, a essa época, dominava parte da Síria, cerca Aristóbolo II em Jerusalém.

Em 66 a.C., Pompeu que já havia vencido Mitridates VI, rei do Ponto, às margens do Ponto Euxino, hoje Mar Negro, tendo conhecimento da guerra na Judéia, mandou, em 65 a.C., M. Acmilius Scaurus, como mediador e, a ele, tanto Hircano II quanto Aristóbolo II apelam. O último ganhou, por suborno. As forças de Aretas, que auxiliavam Hircano II, se retiraram e Aristóbolo II aparece como triunfante.

Quando Pompeu, em sua investida no Oriente, alcança Damasco, capital da Síria, Aristóbolo e Hircano mandam, imediatamente, suas delegações suplicando pela abolição do reinado e restauração da teocracia sacerdotal. Agora, quem vence é Hircano, uma vez que Pompeu o nomeia Sumo Sacerdote e, assim, mais uma vez, Antipater, protegido de Hircano, garante o poder.

A guerra entre os partidários dos dois irmãos intensifica-se e as legiões Romanas aproveitam-se da situação. Em 63 a.C. Pompeu captura Jerusalém, e efetua um terrível massacre, quando 12.000 Judeus morrem, sendo os sacerdotes assassinados no altar.

Roma torna-se governante da região. Para dignificar seu triunfo, Pompeu prende os dois filhos de Aristóbolo II, Alexandre e Antigonus, mas, no trajeto, Alexandre foge e promove uma revolta na Judéia. Essa revolta, porém, é subjugada por Aulus Gabinius, procônsul na Síria em 55 a.C.

Hircano II se mantém prestigiado e é designado guardião do Templo. O país, todavia, foi dividido em 5 distritos governados por sínodos.

Aristóbolo II e seu filho Alexandre, frustrados, continuam suas incursões. Aristóbolo II acaba sendo preso em Roma.

Em 53 a.C., Cassius Longinus, aquele que dali a 10 anos estaria envolvido no assassinato de César, é eleito Procônsul e opõe-se à invasão dos Partas na Síria, bem como às rebeliões dentro da própria Judéia. Antipater, cuja política era manter-se bem com Roma a todo o custo, ajudou-o, posicionando-se, inclusive, contra seus próprios compatriotas. Em 51 a.C., Taricheas, junto ao Mar de Tiberíades, foi capturada pelos Romanos e 30.000 Judeus que esposavam a causa dos Partas foram vendidos como escravos.

Em 49 a.C., quando Júlio César se fez senhor de Roma, soltou Aristóbolo II e mandou-o com duas legiões para a Judéia, para combater Pompeu. Mas os emissários de Pompeu maquinaram envenená-lo no trajeto. Enquanto Aristóbolo era envenenado, seu filho Alexandre era degolado por Pompeu em Antioquia.

Em 48 a.C., Pompeu foi vencido por César em Pharsala e assassinado.

Antipater, depois de ter ajudado Pompeu contra César, toma agora o partido de César.

Estando morto Aristóbolo, Hircano é confirmado como Sumo Sacerdote e Antipater é feito procurador da Judéia. .

César, vitorioso, conferiu privilégios aos Judeus.

Herodes, filho de Antipater, aos 25 anos, é indicado como prefeito da Galiléia e seu irmão Phasael como prefeito de Jerusalém.

Júlio César e assassinado em 44 a.C.

Em 42 a.C., Marco Antônio, pertencente ao segundo triunvirato Romano, consegue derrotar Cassius Longinus em Filipos e se torna senhor da Ásia. Amigo de Antipater, protege seus filhos que se tornam reis dos Judeus.

Em 40 a.C., os Partas invadem a Síria, tendo à frente Antigonus, filho de Aristóbolo II. Capturam Hircano II e Phasael, mas Herodes escapa e foge para Roma. Hircano II foi levado para a Partia e mutilado de maneira a incapacitá-lo para o sacerdócio. Antigonus é coroado rei pelos Partas.

Herodes, que estava fugitivo em Roma, é nomeado governador pelo Senado Romano. Volta e captura Jerusalém com a ajuda dos Romanos. Antigonus é preso e decapitado por Marco Antônio em 37 a.C.

Assim, desaparece a dinastia dos Hasmoneus e começa a Iduméia Antipater à qual pertence Herodes.

 

  

 

HISTÓRICO DOS TRIUNVIRATOS

 

No ano 60 a.C., surge o primeiro formado por:

·         Crasso (115 - 53 a.C.). Na partilha do Império fica com Roma. Oferece apoio a Sila ou Sulla (138 - 78 a.C.) general e político Romano ao tempo de Caio Mário (157 - 86 a.C.). Caio Mário, também general Romano, prestigiado por suas grandes vitórias, ao perceber que Sulla está recebendo todas as glórias na investida contra Mitridates, rei do Ponto, o destitui do cargo, ilegalmente. Sulla, então, avança contra Caio Mário, vence-o, assenhoreia-se de Roma e estabelece ditadura. Em 79 a.C., ameaçado pela coligação entre Pompeu e os nobres, abdica.

·         . Pompeu (106 - 48 a.C.). Estadista Romano, também apóia Sulla que lhe conferiu o título de "imperador" e o epíteto de Magnus. Após a morte de Sulla obtém o governo da Espanha e Itália - 77 a 71 a.C. Em nova investida contra Mitridates, rei do Ponto e grande adversário de Roma, consegue, finalmente, em 66 a.C., uma vitória definitiva. Reorganiza as províncias Romanas do Oriente, Síria, Palestina. O reino dos Macabeus é, então, dividido, ficando a Samária ao norte e a Judéia ao sul e ambas recebem permissão para praticar seu próprio culto religioso.

Pompeu volta a Roma em 50 a.C., quando é atacado por César.

·         . Júlio César (101 - 44 a.C.). Procônsul da Gália Cisalpina e regiões adjacentes. Vence vários heróis, inclusive Vercingetórix em 52 a.C. Por instigação de Pompeu, recebe ordens do Senado para devolver os poderes de que estava investido, bem como para licenciar seu exercito. César não obedece e decide enfrentar a prepotência de Pompeu. Desce pelo norte da Itália, atravessa o rio Rubicão, e avança sobre Roma. Vence Pompeu em Pharsala, sul da Grécia e se faz proclamar ditador absoluto do Império.

Instala Cleópatra no trono do Egito. Adota Otávio, seu sobrinho, como herdeiro. Entretanto, transparece em suas atitudes excesso de autoridade e isto origina a conjuração de Republicanos, dirigida por Cassius e Brutus, que acabam assassinando César em pleno Senado, no ano 44 a.C.

 

Em 43 a.C., institui-se o segundo triunvirato com Marco Antônio, Otávio e Lépido.

Marco Antônio (83 - 30 a.C.), general Romano, era ex-lugar-tenente de César. Em 42 a.C., em Filipos, na Macedônia, cidade que antes pertencera aos Trácios, a leste da Grécia, venceu, juntamente com Otávio, os republicanos Brutus e Cassius, assassinos de César. Na partilha do império recebeu o Oriente, ficando Otávio com o Ocidente. Lépido foi logo descartado. Marco Antônio, enamorado e subjugado por Cleópatra, repudiou sua esposa Otávia, irmã de Otávio, e foi por este derrotado em Actium, promontório da Grécia, na entrada do golfo de Ambrácia, hoje golfo de Arta, em 31 a.C. Fugindo para o Egito, Marco Antônio é sitiado em Alexandria quando se suicida. Isto assegura a Otávio o domínio do mundo Romano. Otávio (63 - 14 a.C.), tinha 19 anos quando César, seu tio avô e pai adotivo, morreu. Após a morte de Marco Antônio, em 27 a.C., se arroga o título de Augusto, que o tornava sagrado, sendo que, quando de sua morte, o Senado divinizou-o, e seu culto, associado ao de Roma, foi celebrado em todo o Império.

 

 

 

 - TRADIÇÃO HEBRAICA

A raça hebraica descende, primitivamente, dos povos Arianos; nome que se dá desde a antigüidade às populações da bacia do Mediterrâneo e que invadiram o norte da Índia. Esses povos do Mediterrâneo, que vieram habitar o Oriente Médio, passaram a ser conhecidos como raça Semítica, porque a tradição passou a considera-los como descendentes de Sem, filho de Noé. Eram um povo nômade, dirigido pelos patriarcas.

A tradição hebraica., que veio a se constituir no Judaísmo, vinha sendo transmitida oralmente desde os primórdios da raça. A primeira notícia que se tem dessa tradição é com Abraão, que viveu em 1850 a.C. A história de Abraão está registrada no Gênesis de 11 a 25 e Atos dos Apóstolos 7, versículos 2 a 8.

Convém ressaltar que os princípios orais deixados por Abraão foram, segundo a Bíblia, recebidos de Melchisedech, a quem paga os dízimos - Gênesis 14:18. Isto faz supor que esses ensinamentos tenham provindo de uma civilização que nos precedeu no tempo. Segundo H.P.B., da civilização Atlante que, conforme relatos de Platão, habitava uma grande ilha no Atlântico, a oeste do estreito de Gibraltar.

Abraão foi contemporâneo de Hamurabi, o sexto rei da dinastia semita da Babilônia, mais ou menos 2.000 a.C. e que elaborou o código de Hamurabi ainda consultado pelos juristas até hoje.

Essa tradição do povo hebreu foi, a partir de Moisés, sendo registrada em três livros que são os mais antigos e ocultos dessa tradição:

I. No Sepher Yetzirah, conhecido como o "Livro da Criação" e que tem 6 capítulos. As revelações se apresentam como se fosse um monólogo de Abraão. Apesar de ser atribuído ao Rabino Akiba (50 a 135 d.C.), estudiosos afirmam que é obra produzida durante séculos por inúmeros autores.

A árvore Sefirotal do Yetzirah é do mundo já criado, pois descreve o surgimento dos elementos.

Do Espírito de Deus, ou seja, do Verbo, surgem as sefirotes:

a)      O ar, ou seja, o sopro engendrado pelo Verbo que, nele, coloca os 22 sons da Criação;

b)       A água, engendrada pelo ar;

c)      A terra, engendrada pela água espessada;

d)     d) O fogo.

As 6 outras sefirotes são os pontos cardeais e mais os dois pólos sustentadores da Criação.

 

II. No Sepher ha Zohar, conhecido como o "Livro do Esplendor", aparecem comentários a trechos do Pentatêuco, do Cântico dos Cânticos, de Ruth e de Lamentações.

Apesar de ser atribuído a Simeon Ben Jochai, que foi discípulo do Rabino Akiba, é todavia, por unanimidade dos estudiosos, situado no inicio da raça hebraica, portanto, da raça Ariana.

A primeira parte é constituída pelo Siphra Dtzeniouta, que estuda a Cosmogênese e é considerado como um dos mais antigos livros do mundo.

A árvore Sefirotal do Zohar é do mundo antes da Criação:

l. Coroa = Verbo Divino

2. Sabedoria - Possui 32 sendas. Contêm a Lei Eterna.

3. Inteligência - Contém a Lei de Moisés. É o espírito manifestado.

4. Magnificência - É a realidade tangível.

5. Fortaleza - É o fogo vivente que se infunde e difunde.

6. É a idéia e o ato em manifestação.

7. Vitória - É o esforço para o triunfo.

8. Glória - É a água primordial.

9. Fundamento - Contêm o mundo dos elementos.

10. Reino - É a raiz de todas as leis. Significa o Verbo em sua tríplice função de poder criador, conservador e renovador.

 

III. Na Torah, também conhecida como Sepher Mosheh, encontramos os 5 primeiros livros do Velho Testamento, também chamado Pentatêuco.

Mais ou menos no ano 1.200 a.C., Moisés começa escrevendo a Torah. Toda a inspiração para este livro ele recebe no Monte Sinai e escreve no deserto durante os 40 anos de peregrinação.

Acontece, porém, que a Bíblia foi escrita em hebraico primitivo, conhecido como nabateano, língua que se perdera durante o cativeiro. Quando voltaram de lá, falavam o aramaico, que era um misto de assírio, fenício e outras línguas.

As interpretações do Sepher de Moisés se constitui no Targum, que é uma tradução ou paráfrase do antigo Testamento, feita após o exílio, em língua aramaica. A mais famosa é a de Áquila, redigida no século I ou II d.C.

Como o povo começasse a exigir maiores explicações a respeito do porquê das coisas e não somente a descrição dos acontecimentos transcendentes, foi criada a Cabala que procura explicar de maneira mais lógica o conteúdo desses livros da tradição. Surgem então duas obras importantes da Cabala:

l. Maasseh Bereshit, correspondendo ao Sepher Yetzirah, apresenta a gênese do Universo. As emanações de Deus são as Sefirotes e as 22 letras do alfabeto hebraico que é considerado sagrado. Explica também as lâminas do Tarô.

2. Maasseh Merkavah, correspondendo ao Sepher ha Zohar, traz a descrição que Ezequiel faz de sua visão, bem como comentários cabalísticos sobre o conteúdo do Pentateuco. A Merkavah é a primeira mística judia. O candidato precisava vencer oito imperfeições morais e era analisado segundo interpretação quiromântica e fisionômica. Era exigido jejum e meditação por 40 dias. Aqui, o vidente, em êxtase, não se une ao objeto de sua meditação como no Samadhi hindu; a individualidade é mantida.

A figura dominante da Merkavah é, segundo H.P.B., Metatron, que gravita em torno de Enoch, sendo que este foi arrebatado aos céus e se transfigurou no primeiro anjo. Metatron é precedido por Yahoel, anjo que ensina Abraão. Ambos são a mesma consciência .

A Cabala é uma doutrina que afirma que os textos da Bíblia encerram sentido oculto, que está por detrás do jogo das letras e dos números.

As teorias da Cabala estão profundamente entrelaçadas com os princípios da Alquimia, do Hermetismo, do Rosacrucianismo e da Franco-Maçonaria. As palavras Cabalismo e Hermetismo são hoje consideradas sinônimos.

Existe na Cabala um panteísmo, ou seja, um Ser Único evoluindo eternamente sob diversas formas, retirando substância de si mesmo. Spinoza aproxima-se dessa concepção.

Como resultado de inúmeros comentários feitos a respeito das idéias contidas na Cabala, surgiu o Talmud, que foi composto desde 200 a.C. até 400 d.C. Esses comentários e estudos eram regidos pela Massorah, que estabelece a correta grafia, estilo e modo de se ler a Bíblia hebraica. Foi criado para impedir modificações no texto sagrado. As suas determinações se referem até à forma das letras e dos sinais, ao espaço entre eles e à forma correta de escrever determinadas passagens. Existe uma tradução da Bíblia feita pelos Massoretas e que difere da tradução grega e hebraica antigas e, inclusive dos manuscritos do Mar Morto.

O Talmud se divide em:

- Mishnah, compilada pelo rabino Iehudah Hanassi (200 d.C.), conhecida como a alma da Lei.

--Chemarah, que é um compêndio de Jurisprudência. É uma interpretação da Mishnah.

- Midrashim e Targumim que são comentários e paráfrases.

- Thosiphthah, contendo trabalhos menores e complementares.

O Talmud regia a vida do povo pois traz a jurisprudência, costumes, cerimônias e relações sociais.

Em 1242, em Paris, foram destruídos oficialmente, por iniciativa da Igreja, exemplares da literatura rabínica; 24 carroças repletas de manuscritos foram queimados. Em 1322, na Itália, houve nova fase de queimas e, no século XVI foram queimadas quantidades imensas de documentos Talmúdicos.

Na verdade, existem duas versões do Talmud: uma que se desenvolveu na Babilônia, em grande parte redigido por Rabbi Ashi (352-427) e outra que se desenvolveu em Jerusalém, sobretudo obra de Rabbi Yohanan (199-279), chefe da Academia de Tiberíades.

As chaves para entendimento dos segredos de toda a tradição hebraica, incluindo a Bíblia original, está na técnica da Cabala literal, que obedece às seguintes regras:

- Notarikon ou arte dos signos, das abreviaturas que formam sentenças.

- Gematria, combinação e comutações de letras.

- Temurah, que é a arte das transposições.

- Tsirufim, que trata da inversão das letras de trás para diante.

Essas chaves foram entregues por Moisés a Josué que as passou para os Essênios. A tradição hebraica é matemática e lógica.

Basicamente, a Cabala acredita no poder do som e dos números. O mundo foi criado pela vibração das 10 potências, chamadas Sefirotes e das 22 letras do alfabeto hebraico. As Sefirotes correspondem aos 7 Auto-Gerados, primeiros Seres que surgiram no Universo. Se acrescentarmos o potencial da Unidade que é trina, obteremos o valor 10.

O Universo se desenvolve matematicamente:

1 - A Unidade Primordial

3 - Surgimento dos Pai e Mãe Cósmicos

7 - Surgem os 7 filhos do Eterno, nascidos de Si Mesmo, e que vão construir o Universo.

14 -Para a construção, os 7 se polarizam sucessivamente ao longo das fases 28 e 56.

O povo hebreu tomou duas direções - os monoteístas, que guardaram a doutrina primordial, os chamados Cefalites e os adoradores do bezerro de ouro, os Asknases. Cefalites são os judeus sábios. Einstein pertencia a essa escola iniciática.

 

 

 

 A DIÁSPORA, OU SEJA, A DISPERSÃO DOS JUDEUS

 

Os cristãos, desde os primeiros séculos, responsabilizaram os judeus pela morte de Jesus e predisseram a sua dispersão pelo mundo como castigo por esse crime. Todavia, devemos perceber que, na verdade, foram os romanos que O crucificaram, pois crucificação era costume romano, apenas que, os judeus, por não aceitarem Cristo como Messias, simplesmente deixaram o fato acontecer.

Acompanhando a história, porém, verificamos que a dispersão dos judeus teve inicio muito antes da era Cristã.

Começa em 586 a.C. quando Nabucodonosor II (605-562 a.C.) invade Judá e efetua a deportação de toda a população para a Babilônia, inclusive seu jovem rei Joaquim, que acabava de subir ao trono por morte de seu pai e tinha apenas 18 anos.

Existem comprovas científicas desse acontecimento. Em I.899, a Sociedade Oriental Alemã enviou uma expedição para explorar as ruínas da região da Babilônia, no Eufrates. Essa expedição conseguiu colocar a descoberto a residência de Nabucodonosor, bem como os célebres "Jardins Suspensos da Babilônia", uma das Sete Maravilhas do mundo. Uma quantidade enorme de material foi levado para o Museu Imperador Frederico, de Berlim. No meio desse material, 300 tabuinhas de barro cobertas por inscrições cuneiformes aguardaram 34 anos para serem decifradas. Até que, em 1.933, o assiriólogo E. F. Weidner começou encontrando dados referentes ao exílio, inclusive um recibo de fornecimento de víveres, óleo de sésamo e outros produtos. As tabuinhas traziam claramente o nome do destinatário - Joaquim, rei de Judá - e traziam a data de 582 a.C. Como confirmação, em algumas tabuinhas aparecem os nomes dos cinco filhos de Joaquim. Essas 300 tabuinhas acabaram revelando inúmeros acontecimentos da época do exílio.

Acontece que, quando a volta dos judeus foi permitida por Ciro II, rei da Pérsia em 539 a.C., a dispersão começa, uma vez que inúmeros judeus preferiram ficar na Caldéia.

Quer dizer que, antes de Cristo, existiram alguns grandes centros da diáspora, tais como: Babilônia, século VI a.C., Alexandria, para onde acorreram inúmeros judeus no século IV a.C., Antioquia no século III a.C. e Roma no século I A.C.

Em 70 d.C., Tito, filho do imperador romano Vespasiano que, por sinal, irá tornar--se imperador em 79, apodera-se de Jerusalém em uma luta simplesmente bárbara  e arrasa o exército judaico que buscava independência. A história política como comunidade judaica acabou depois dessa revolta, pois os romanos puniram destruindo Jerusalém. Obrigaram a abandonar o hebraico e adotar o aramaico, língua oficial do Império Persa e, depois, tiveram de adotar o grego, com Alexandre e os Diádocos. Afirmam os arqueólogos que, após 70 d.C., não conseguiram mais encontrar nenhum vestígio do povo judeu como civilização.

De 132 a 135 d.C. desenrola-se a segunda grande revolta judaica chefiada por Simão, cujo apelido era Bar-Kokhba, que significa "filho da estrela". Adriano, imperador romano da casa dos Antoninos, consegue subjugar a resistência judaica e Bar-Kokhba é aprisionado e acaba morrendo na prisão. Nos manuscritos do Mar Morto foram encontradas cartas de Simão.

Dizem os relatos históricos que a maior parte da população da Terra Prometida que não morreu nestas duas sangrentas guerras foi vendida como escravo. E nós podemos acrescentar que os que sobraram, fugiram do país.

A partir da primeira Cruzada, em 1.095 d.C., os judeus foram postos à margem da lei nas Sociedades Cristãs, encerrados em guetos e marcados com os sinais distintivos da estrela amarela e do chapéu pontudo.

Em 1.791, a França reconhece aos judeus o direito de cidadania. Logo depois, Estados Unidos, Itália, Inglaterra, Alemanha e Rússia seguem o exemplo. Até que surge o nazismo em 1.942 quando são exterminados seis milhões de judeus.

A partir de 1.948, quando o movimento Sionista consegue alcançar suas reivindicações, e é lavrada pela ONU a proclamação do Estado de Israel, a concentração dos judeus começa se firmando em Israel, com laços de união entre os judeus que habitam, sobretudo, EUA, Rússia e países do Novo Mundo.

 

  

 

SÍNTESE DO MOVIMENTO SIONISTA

- O REGRESSO DOS JUDEUS

Em 1.917, a Inglaterra deixa publicar a declaração de Balfour, simpatizando-se com o movimento Sionista. Essa declaração recebe esse nome porque foi feita, com autorização de Sua Majestade, através de uma carta escrita por Arthur James Balfour, então ministro dos Negócios Estrangeiros, no qual prometia estabelecer na Palestina um lar nacional judaico.

Em 1.918, a Liga das Nações Unidas, com base nessa declaração, coloca essa região como mandato Inglês até 1.948.

Os árabes continuam sempre fustigando a população até que, em 1.948, a Inglaterra desiste e entrega à ONU.

Em 4 de Maio de 1.948, é proclamado o Estado de Israel, sendo a Palestina dividida em dois estados - um árabe e outro judeu.

Os árabes não aceitam e invadem Israel. Em 1.949 lavram armistício que dividia da seguinte maneira: Faixa de Gaza, anexada ao Egito; Samária, anexada à Transjordânia; Judéia, constituiu a Jordânia. A faixa litoreana, o norte e o deserto de Neguev constituem Israel. As guerras continuam em 1.967 e 1.973, quando são ampliadas as fronteiras de Israel - pequena parte da Cisjordânia é anexada e grande parte do Egito, na península do Sinai.

Transcrição de um artigo de "O Estado de S. Paulo" de 11 de Maio de 1.978, extraordinariamente esclarecedor. "O Estado de Israel completa hoje 30 anos. Desde a proclamação histórica de David Ben Gurion[1], em 1.948, até hoje, o país criado para abrigar as dezenas de milhares de imigrantes judeus vindos de todas as partes do mundo, viveu uma agitada história de lutas contra todo o mundo árabe a seu redor - quatro guerras, em 1.948, 1.956, 1.967 e 1.973 - enquanto sua população crescia, dos 650 mil em 1.948, aos três milhões e meio de hoje. Também o território de Israel cresceu, após a "Guerra dos Seis Dias" em 1.967, com a ocupação de áreas vizinhas.

Como observa nosso correspondente Hermano Alves, "os judeus de Israel conseguiram criar um Estado moderno com imigrantes chegados de quase uma centena de nações, conquistaram fama com sua agricultura, sua ciência e sua tecnologia e acabaram com o mito do judeu covarde e submisso, que alimentou a propaganda anti-semita". No decorrer desses 30 anos, Israel venceu todos os desafios e realizou o milagre: reunir de novo, na Terra Prometida, os judeus dispersos. Como dizia Bem Gurion, o grande pioneiro do novo Estado, "não crer em milagres, em Israel, é não ser racional". Hoje os israelenses, os de 30 anos que nasceram com o país, e os mais velhos, que vieram dos campos de extermínio nazistas e das perseguições em outros países, sabem que os desafios não foram todos vencidos; antes, pelo contrário, os novos desafios ainda parecem exigir a mesma implacável determinação dos antigos pioneiros.

Em meio à festa da comemoração dos 30 anos, um estado de alerta geral mostra que um velho desafio é mais terrível do que nunca: a possibilidade sempre presente de um ataque de terroristas palestinos. Mas há o desafio econômico. Como salienta Hermano Alves, "os três milhões de habitantes do país dependem dos seis milhões de judeus Norte-americanos, que enviam a Israel, direta ou indiretamente, cerca de três milhões de dólares por dia". Obrigado a se expandir economicamente para abrigar e dar emprego aos novos imigrantes que chegam, e a manter um esquema de defesa digno de uma grande potência, Israel sofre os efeitos da inflação e de uma dívida externa que não pára de crescer. Outro desafio é diplomático: seu grande aliado, os Estados Unidos, voltam-se para os árabes, preocupados com a crise do petróleo. O governo de Begin, radical e intransigente, sofre pressões para ceder territórios ocupados e permitir uma solução do problema dos palestinos, os principais prejudicados pela criação do Estado Judeu.

Israel de hoje pode não representar "o refúgio de paz e o paraíso de justiça social sonhado pelos pioneiros, mas é, tanto para Ben Gurion como para os que festejam seus 30 anos, o milagre arrancado ao deserto, ao holocausto, à desesperança.

Naquela data Hermano Alves publica o seguinte: "O governo de Sua Majestade favorece o estabelecimento na Palestina de um lar nacional para o povo judeu e utilizará seus melhores esforços para facilitar a consecução desse objetivo, ficando claramente entendido que nada será feito que possa prejudicar os direitos civis e religiosos das comunidades não-judaicas na Palestina".

O trecho que transcrevemos ê o verdadeiro fundamento da famosa declaração Balfour de 2 de Novembro de 1.917. Quando o estado de Israel faz 30 anos, torna-se oportuno repeti-lo uma vez que a histórica declaração Balfour continua sendo discutida pelas duas partes em litígio.

Em abril de 1.948, Chaim Weizman disse a Harry Truman a frase decisiva: "A escolha para o nosso povo, senhor presidente, está entre a instauração de um Estado ou o extermínio". Mesmo sabendo que haveria uma guerra entre árabes e israelenses, as Nações Unidas, cuja assembléia era presidida por Oswaldo Aranha, criaram o Estado de Israel. A União Soviética, então inimiga dos governos reacionários árabes, votou a favor e foi o primeiro país a reconhecer o novo estado, que hoje classifica de instrumento do imperialismo.

O plano da ONU, de 1.948, dividia o país em dois; um árabe, outro judeu, entremeados, que deveriam unir-se economicamente, e criava uma zona internacional em torno a Jerusalém. O plano não agradou nem a judeus nem a árabes e desencadeou uma série de escaramuças entre militantes e terroristas de ambos os lados, que se prolongaria até a declaração de independência de Israel em 1.948 e a subseqüente guerra que estabeleceu as fronteiras de 1.949.

Uma das tragédias - talvez a maior de todas - dessa primeira guerra entre árabes e israelenses foi a fuga em massa de árabes da Palestina. Criou-se então uma diáspora árabe e os países limítrofes de Israel, por falta de recursos e por motivos políticos, não absorveram os palestinos mas deixaram-nos viver em campos de refugiados.

Depois da  primeira diáspora dos judeus, a imigração judaica à Terra Santa aumentou, gradativamente, durante o Império Otomano, estabelecido em 1.517. Mas foi no início deste século que a imigração aumentou de tal forma que o equilíbrio se quebrou. Nesse período, 70 mil judeus, vítimas dos "pograms" na Rússia, Romênia, Polônia etc., com maior nível cultural, se instalaram na Palestina, comprando terras semidesérticas de latifundiários árabes, que cobravam preços exorbitantes, e iniciaram o milagre de floração do deserto.

O choque cultural foi inevitável e, a partir de então, sempre houve combates entre os dois grupos, principalmente depois da declaração Balfour. As violências eram, não raro, agravadas por conflitos com a polícia britânica. Em 1.937, os judeus criaram grupos de defesa para reagir contra os árabes. Os ingleses produzem então uma série de planos de partilha que, como de hábito, não agradam a ninguém. Nessa época, Begin[2] lutava contra o exército britânico e lançava-se à clandestinidade, chefiando o brutal grupo Irgun, enquanto Sadat, no Egito, era aprisionado pelos ingleses que nele viam não um nacionalista, mas um partidário do nazismo.

[1]  Ben Gurion, David (1.886), político israelense. Ingressou cedo no movimento sionista, estabelecendo-se na Palestina em 1.906, onde fundou o movimento Poule Sion - sionismo socialista democrático. Sendo expulso da Palestina, organizou o movimento entre os judeus dos Estados Unidos. Volta para a Palestina em 1.918 como soldado. Em 1.948 foi nomeado chefe do governo provisório que proclamou o Estado de Israel. 

[2] Begin, Menahem (1913-1992).

Político israelense. Líder sionista e primeiro-ministro de Israel. Prêmio Nobel da paz de 1978 com Anwar al-Sadat, então presidente do Egito.

 

DIVERGÊNCIAS

Ao fazer 30 anos como Estado, Israel está, pela primeira vez, em clara divergência com os Estados Unidos. Begin aparentemente não percebeu que os Estados Unidos já não podem dar apoio irrestrito a Israel - até porque o único país árabe capaz de encabeçar uma grande ofensiva não pretende fazê-lo, como é o caso do Egito. Além disso, depois do choque causado pela crise do petróleo em 1.973, os Estados Unidos tomaram providências acauteladoras, não só passando a ter relações especiais com o Egito e a Arábia Saudita, como traçando planos para estocar óleo.

Os norte-americanos teriam, assim, condições de suportar novo boicote. Mas a Europa Ocidental, que depende, em média, em 70 por cento do petróleo árabe, jamais o conseguiria. Desse modo, Israel não encontra aliados na Europa Ocidental, nem na Oriental, por motivos óbvios, embora mantenha relações com a Romênia. Na África, com exceção da Etiópia, da África do Sul e de um ou outro país a mais, Israel está só. E os asiáticos se solidarizam com os árabes.

Israel se encontra numa situação precária, como dissemos, por sua dependência com relação aos Estados Unidos. E somente o Xá do Irã lhe fornece petróleo. A viagem de Sadat a Jerusalém serviu para conquistar grande parte da opinião pública americana para a idéia de que os árabes podem ser razoáveis. A posterior intransigência de Begin dividiu não só a opinião pública israelense como a colônia Judaica Americana. E a super-reação de Begin no Líbano foi mal vista em todas as chancelarias européias e nos Estados Unidos.

Begin pode conseguir uma nova mobilização psicológica em Israel e nos Estados Unidos se houver um atentado brutal este mês - um projeto acalentado por alguns grupos terroristas árabes - por ocasião do trigésimo aniversário da instauração do Estado Hebreu. Mas quanto tempo poderá durar essa mobilização, uma vez que nenhum país árabe está em condições de atacar Israel diretamente e uma vez que, como ficou claro, o Egito não quer a guerra?

Quando Israel faz 30 anos como Estado, o velho agitador e terrorista Begin - que certa vez recebeu um ultimato violento do patriarca falecido, David Ben Gurion - parece condenado a uma retirada em boa ordem abandonando alguns de seus sonhos, mas - quem sabe? - realizando a maior aspiração dos judeus, "sabras" ou de diáspora, que é a paz duradoura no Oriente Médio.

 

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