3ª PARTE
"MEDITAÇÃO"

 CAPÍTULO IV
"FUNÇÕES DA INTELIGÊNCIA"

O que é inteligência? Podemos sintetizar considerando alguns dos seus efeitos:

- Capacidade de adaptação ao meio ambiente;

- Capacidade de aplicação prática do cabedal adquirido;

- Capacidade de reagir conforme as exigências do momento, de acordo com o jogo de forças do ambiente em que estamos inseridos. Não há regras para o comportamento; só a inteligência pode adequar. É uma resultante harmoniosa entre conhecimento e ação, ou seja, ação consciente.

A inteligência é isenta de emoções impulsivas e de preconceitos, é imparcial. No campo da emoção, mantém a sensibilidade para o que é bom e belo.

É muito freqüente confundir-se a memória com a inteligência. A pessoa pode ter memória fabulosa e não ser inteligente e, pelo contrário, pode não ter memória muito nítida e ser altamente inteligente porque incorpora o conhecimento e reage com sabedoria.

Existe um grande equívoco em relação aos testes de Q.I. Eles dão o nível de atenção, observação, concentração e memória, portanto, dos componentes mentais, mas não respondem pela dinâmica da inteligência, ou seja, pela capacidade de exercer as funções da inteligência que são:

1. Proceder a uma análise critica. Ter capacidade de discernimento e ser capaz de dizer se concorda, ou se não concorda, e por quê, utilizando argumentos consistentes e não apenas emocionais, como: "porque não gosto"; "porque é imoral" etc.

2. Fazer questionamentos - o que, como, onde, quando. Este é exatamente o mecanismo da maiêutica da filosofia de Sócrates e que significa a "arte de dar à luz" ao que está introjetado; é o parto das idéias. Conduzir o pensamento, através de uma série de perguntas, de maneira a que se descubram as verdades que estão dentro da própria pessoa, mas não se mostram claras ao nosso consciente.

Notar que o "porquê" só pode ser respondido pela intuição. A mente armazena conhecimento, mas a sabedoria está na consciência superior, ligada ao espírito. A mente responde o que, como, onde, quando, que provocam respostas relativas, mas só a intuição responde o "porquê", uma vez que as respostas suscitam informações a respeito de causas transcendentes.

3. Perceber a finalidade, o objetivo das idéias, dos processos, das conclusões, naturalmente ainda dentro do terreno filosófico.

4. Conseguir identificar a utilidade das coisas, dos objetos, das idéias.

5. Verificar a aplicabilidade, a praticidade, sendo capaz de tirar o melhor proveito das coisas e das idéias, ou seja, dinamizar a criatividade.

6. Saber elaborar uma escala de valores, conseguindo determinar as prioridades.

7. Capacidade de concluir dentro do limite de compreensão. Em virtude de apreendermos apenas parte da Verdade, as conclusões serão sempre provisórias.

8. Saber decidir-se adequadamente - posicionar-se.(1)

(1) Os itens 7 e 8 necessitam do funcionamento de todos os anteriores.


 

 

CONCLUSÃO FINAL

 

Se, de posse de todos estes dados, fundamentados pela experiência de muitos, conseguirmos um equilíbrio físico, psíquico e espiritual, teremos, como resultado desse grande esforço, alcançado a finalidade última desta etapa de nossa trajetória cósmica - a etapa da vida terrena.

 

São palavras de Plotino (205-270 d.C.), filósofo Alexandrino:

 

"Recolhe-te para dentro de ti mesmo e olha. Se te não achares suficientemente belo, faze como o estatuário ao esculpir uma estátua. Ele corta aqui, aplaina ali, dá mais ligeireza a esta linha, torna aquela mais pura, até que o conjunto seja belo. Faze como o estatuário, corta o que é excessivo, endireita o que está torto, traz para a luz o que estiver na sombra; faze, enfim, com que a beleza resplandeça em todas as partes de ti mesmo.

Não cesses nunca de cinzelar a estátua. Persiste na tua Obra até que a vejas brilhar com todo o esplendor divino da virtude".

 

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