1ª. PARTE

ACONTECIMENTOS QUE PRECEDERAM A VINDA DE JESUS, O CRISTO

 

 

CAPÍTULO II

- A SAÍDA DO EGITO

Conforme Êxodo 30:40, após permanência por 430 anos sob o domínio egípcio, Moisés[1] liberta o povo Israelita da escravidão junto aos faraós do Egito. Moisés foi um Avatara, ou seja, aquele que é mediador entre a Lei Divina e os seres humanos. Em certa época de sua vida, para defender um Israelita que estava sendo mortalmente agredido, Moisés mata um Egípcio e foge para junto de Jetro, sacerdote de Midian, grande iniciador, e aí completa sua iniciação.

Esta saída do Egito se deu em torno de 1.250 antes de Cristo. Sabe-se que foi ao tempo de Ramsés II. Partiram da cidade de Ramsés, antiga Avaris, remodelada por Ramsés II para sede de seu governo.

Olhando o mapa, poderíamos imaginar que teria sido muito mais fácil se tivessem se dirigido diretamente pelo norte da península do Sinai e se tivessem entrado pelo sul da terra de Canaan. Acontece que estavam fugindo dos egípcios e toda essa região, ate o monte Hermon, pertencia ao rei Ramsés II. Para complicar a fuga desse povo, ao norte do Egito, como limite com o Sinai, havia uma grande fortaleza egípcia, denominada Muralha do Príncipe. Além disso, esse trajeto, aí ao norte, conhecido como caminho dos filisteus, era muitíssimo movimentado. Foram obrigados a contornar a península pelo sul.

Passam por Socot, que já ficava à altura de uma série de lagos chamados Amargos, ligados ao Golfo de Heroopolita, mais tarde Golfo de Suez, e que vai dar no Mar Vermelho. Chegam a um local conhecido pelo nome de Yam Suph, palavra esta que é às vezes traduzida por Mar dos Juncos e outras vezes por Mar Vermelho, criando grande controvérsia dentro do estudo da chamada travessia do Mar Vermelho.

Diz a Bíblia que essa travessia foi feita a pé enxuto e os estudiosos não encontram dificuldade em apresentar uma explicação científica. Ao sul dos Lagos Amargos existia uma região conhecida exatamente com o nome de Mar dos Juncos, por possuir um emaranhado de vegetação que permitia a passagem a seco, em certas épocas do ano. Esse local tornou-se ideal para a travessia dos fugitivos, mesmo porque precisavam cruzar para a península do Sinai antes de Magdalum, cidade por onde passava a rota dos trabalhadores egípcios que se dirigiam, de barco, para a região do Monte Sinai, onde havia grande quantidade de cobre e turquesa.

Desde 3.000 anos antes de Cristo essas minas vinham sendo esporadicamente exploradas, sendo que Ramsés II havia incrementado esse trabalho, de modo que, àquela época, o movimento por ali era intenso e precisava ser evitado, pois corriam o perigo de um ataque por parte do exército Egípcio.

Atravessando as águas, desviando-se da rota dos mineiros, alcançam as fontes de águas sulfurosas onde, para tremenda decepção daquele povo, sedento e já cansado, as primeiras águas são amargas. Até hoje, o turista encontra essas fontes e o local ainda é denominado Mara ou Marah, nome dado pelos israelitas.

Para compensar tão grande frustração, chegam a Elim, belíssimo oásis, onde havia 12 fontes de água e 70 palmeiras.

Ao longo desse trajeto, encontraram várias tribos de pastores Hebreus, que ali viviam como nômades, e que os auxiliaram em sua caminhada.

Passando pelo Monte Sinai, Moisés recebe as primeiras e segundas tábuas da Lei - Êxodo 32 e 33.

Já no deserto de Pharan que cobre quase toda a área da península do Sinai, no segundo ano de peregrinação, fala o Senhor a Moisés: Números 1:2 - "Tomai a soma de toda a congregação dos filhos de Israel, segundo as suas gerações, segundo a casa de seus Pais".

Quer dizer, então, que, aí no deserto, foram reconstituídas as linhagens dos filhos de Jacob. Surgiram assim as 12 tribos de Israel - Ruben, Simeão, Levi, Judá, Issacar, Zebulon, José, Dã, Naftali, Gade, Aser e Benjamin.

A missão dessas doze tribos era a de habitar toda a região da Palestina, preparando o terreno para a vinda do Avatara Jephersus, o Cristo.

Nessa constituição política, espécie de confederação, conhecida na história como "Anfictionia de Javé", caminham em direção à Ásia Menor. Ao chegarem a Asiongaber, iniciam a mais dificultosa etapa da jornada, pois só encontrariam oásis em Cadès ou Kadesch, situada ao sul da terra de Canaan. Daqui são enviados os 12 espiões que vão investigar sobre a Terra que iriam possuir. Exatamente aqui; nas proximidades de Kadesch, cortam enormes cachos de uva, colhem figos e romãs. Levam 40 dias. Este local ficou conhecido como o Vale do Cacho e é até hoje rico em vinhas.

Em números 12:27, os espiões prestam contas da missão: "Fomos à terra a que nos enviastes e, verdadeiramente, dela mana leite e mel e este é o fruto". Apesar desta informação trazida pelos emissários ser muito relativa, uma vez que aquele povo vinha de peregrinar pelo deserto da Arábia, os israelitas, ao ouvirem notícias tão auspiciosas, exigem alcançar a Terra Prometida diretamente por ali. Mas os emissários se opõem dizendo: "Não poderemos subir contra esse povo porque é mais forte do que nós; são homens de grande estatura, verdadeiros gigantes. Suas cidades são enormes e muradas".

Apesar do risco que correriam, o povo israelita, desesperado, se revolta e prefere voltar ao Egito a ter de caminhar para um desconhecido. Em meio àquela grande murmuração, Moisés percebe quão imaturo estava aquele povo e a necessidade de prolongar o dia da entrada na terra de Canaan, a fim de enrijecer a têmpera daqueles homens. Vagueiam 40 anos pelo deserto, dando tempo a que surgisse uma nova geração que se libertasse dos vínculos da escravidão e tivesse condições de dirigir os destinos da nação que estava para surgir.

Finalmente alcançam o monte Nebo, mais ou menos no ano 1.200 a.C. Terminado o prazo estipulado por Deus, Deus fala a Moisés nos seguintes termos: Números 27:12 - "Sobe ao alto deste monte e contempla a terra que tenho dado aos filhos de Israel, porquanto rebelde fostes no deserto de Sin, junto ao monte Sinai, na contenda da congregação, ao meu mandado de me santificares nas águas de Meriba, diante dos olhos deles".

Ouvindo, porém, as palavras de Deus que lhe ordenava que subisse ao monte para contemplar a terra de Israel, Moisés se angustia e clama: Deuteronômio 3:23 - "Jeová, já começaste a mostrar a tua grandeza e a tua mão forte, rogo-te que me deixes passar para que veja esta boa terra que está para além do Jordão"; 25: "Porém o Senhor indignou-se muito e disse: Sobe ao cume de Pisga e levanta teus olhos e vê a terra em todas as direções porque não passarás do Jordão".

Deut. 34:1 - "Então subiu Moisés das campinas de Moab ao monte Nebo, ao cume de Pisga, que está defronte de Jericó e o Senhor mostrou-lhe toda a terra. À tua semente a darei - mostro-a para que a vejas com teus olhos, porém para lá não passarás".

Junto ao monte Nebo, na planície de Moab, Moisés morreu e foi enterrado num vale, sendo que ninguém até hoje conhece a sua sepultura.

Atualmente, qualquer pessoa que suba ao pico de Pisga avista um imenso horizonte; ao sul, como uma bandeja de prata, o Mar Morto junto ao Hebron, mais adiante, à frente, o Mediterrâneo e, ao norte, a planície estendendo-se até as fraldas do monte Hermon. No centro, entre o norte e o sul, divisam-se nitidamente dois minúsculos pontinhos que são as torres de Belém e de Jerusalém[2].

Na minha opinião, corroborada pelos dados da própria Bíblia, não percebo indisciplina por parte de Moisés, percebo que, em todas as situações, intercede pelo povo rebelde, como por exemplo:

- Deut. 9:19 - "Porque temi por causa da ira e do furor com que o Senhor tanto estava irado contra vós, para vos destruir, porém, ainda por esta vez o Senhor me ouviu". E no versículo 26: "E eu orei ao Senhor, dizendo: Senhor Deus, não destruas o teu povo e a tua herança que resgataste com a tua grandeza, que tiraste do Egito com mão forte".

- Quando Moisés desce do monte Sinai e se depara com o povo adorando o bezerro de ouro, quebra as primeiras duas tábuas do testemunho. Vendo, porém, a ira de Deus, suplica pelo povo e sobe por mais 40 dias e 40 noites para receber as novas tábuas.

- Ao ler os dois episódios das águas de Meriba, um em Êxodo 17, no deserto de Sin, e Números 20, próximo a Cadès, não se constata que Moisés tenha desobedecido. Inclusive, a confirmação de sua inocência aparece em Êxodo 32:9 a l4 e 30 a 33, sendo que no 33 temos prova de que Deus não estava contra. Moisés: "Então disse o Senhor a Moisés: Aquele que pecar contra mim, a este riscarei eu do meu livro. Vai agora, conduz este povo para onde te tenho dito; eis que o meu anjo irá adiante de ti".

Estes dados nos levam a crer que sua morte foi sacrificial, para minorar o Carma[3] tremendo que pesava sobre aquele povo que ele conduzia e que ele tanto amava, povo que, no entanto, fora tão rebelde e tantas e tantas vezes clamara contra Deus durante todos aqueles anos. Esotericamente, um ser do valor espiritual de Moisés tem o direito de absorver o Carma de um povo, dando, assim, a oportunidade a que esse povo prossiga em suas experiências sobre a face da terra, com a finalidade de encontrar um caminho para o crescimento espiritual.

Prosseguem guiados por Josué, filho de Nun, que era ministro de Moisés, homem, conforme diz a Bíblia, em quem há o espírito - Números 27:18.

 

 

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[1] Conforme lemos em Êxodo 1:16 e 22, havia ordem do rei do Egito para que as parteiras matassem os filhos homens dos israelitas. Como as mesmas desobedecessem, ordenou ao povo todo que lançasse ao rio os filhos homens e resguardasse as filhas, de maneira que não poderia existir no Egito recém-nascido do sexo masculino.

Por essa razão, quando Moisés nasceu, sua Mãe o colocou dentro do rio,  mas resguardado em uma cesta que acabou parando junto à casa da família do Faraó. A criança foi, então, resgatada das águas e criada pela princesa Hatshepsut, filha de Tutmés I, da XVIII dinastia egípcia, e que foi rainha de 1.520 a 1.484 a.C.

 

[2] Jerusalém.- Em muitas lendas da região, esta cidade aparece com o nome de Salém, sendo substituído, as vezes, pela denominação - Sião - que provém da montanha sobre a qual se encontra, em parte, construída a cidade. Entre os tabletes com inscrições, descobertos em Tell el Amarna no Egito, existem sete que se referem à cidade empregando o nome de Urusalim. Estas inscrições estão associadas a outras, de origem Assíria, nas quais "Ur" significa cidade e "Salim", estado de paz. O estudo dessas inscrições situam sua antigüidade ao ano de 1.400 a.C. Quando os israelitas entraram no local onde hoje se situa Jerusalém, a região pertencia aos Jebuseus e era conhecida como Jebus.

 [3] Carma - É uma palavra Sânscrita que nomeia a Lei de Causa e Efeito. Os atos que lesam as Leis Universais geram efeitos destrutivos e os que estão de acordo com as Leis Universais geram efeitos construtivos. É também conhecido como a Lei da Retribuição. No caso do povo Israelita, Moisés absorve o Carma negativo por eles gerado evitando que o efeito negativo, de tão imenso, pudesse levá-los à destruição.

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