1ª. PARTE

ACONTECIMENTOS QUE PRECEDERAM A VINDA DE JESUS, O CRISTO

 

 

CAPÍTULO V

- O REGRESSO

 

Existe grande controvérsia quanto ao itinerário percorrido para a volta dos Judeus à Palestina. A maioria  dos autores concorda em que teriam escolhido o mesmo caminho que Abraão seguira quase 2.000 anos antes,  quando em busca da Terra Prometida. Subiram beirando o Eufrates, passaram por Damasco e alcançaram os  montes Hermon, de onde penetraram na planície da Palestina.

De fato, a travessia diretamente pelo deserto seria muito mais sacrificial, considerando principalmente o  número de Judeus que regressavam.

Esdras 2:64 - "Toda aquela multidão era como um só homem e compreendia quarenta e duas mil,  trezentas e sessenta pessoas, sem contar os servos que eram sete mil, trezentos e trinta e sete". Faziam parte  da caravana mais de oito mil animais, entre cavalos, camelos e jumentos.

Apesar do povo Judeu ter-se mantido extremamente unido, sem se misturarem com os Caldeus, apesar de seus ideais de patriotismo e fé haverem sido estimulados, mesmo no cativeiro, pelos profetas dos séculos 8 e 7 a.C., ainda assim, muitos Judeus, particularmente os mais jovens, preferiram o conforto de permanecer na Caldéia ao sacrifício de enfrentar a longa caminhada de 1.300 Kms. de volta a Jerusalém.

Podemos imaginar essa multidão que resolveu voltar arrastando-se vagarosamente em meio ao nevoeiro de poeira levantado por seus próprios pés e isso durante três meses sem descanso. Ninguém, provavelmente, naquele momento, vislumbrava o significado daquele sacrifício e a influência que esse fato teria sobre os destinos da humanidade.

Alcançando Jerusalém, tomaram posse dela e a transformaram numa cidade-estado sob a suserania da Pérsia. O primeiro ato foi o de lançar a pedra fundamental do Templo.

Chegavam exaustos mas entusiasmados, ouvindo ainda soarem as palavras dos profetas no exílio - Isaias previra o poder universal de Javé; Ezequias tivera visão da casa de Deus repleta de glória.

A realidade, porém, se contrastava com essas esperanças. Conforme lemos em Esdras capítulos 4 e 5, a luta pela sobrevivência consumia as forças, as contribuições prometidas não chegavam, a região estava devastada e a terra era pobre. Diz o Talmud: "É mais fácil cultivar uma legião de oliveiras em Galiléia do que criar um filho na Palestina".
                                       Talmud - Coleção de literatura religiosa Judaica; representa a expressão oral, complemento da Torá, a lei escrita, da qual, em certa medida, é o comentário.

Grandes perseguições se seguiram, impedindo a construção do Templo. A pedra fundamental fora lançada no ano 539 a.C., ano da libertação, mas foi abandonado pela impossibilidade de recursos e por terem de lutar pela sobrevivência, pois o grupo que voltou era dos menos abastados. Esdras 5:16 - "Então veio o dito Sesbazar, o enviado de Ciro II para reconstrução do Templo, e pôs os fundamentos da casa de Deus, que está em Jerusalém; e desde então está sendo edificada e ainda não está acabada".

Ciro II morre em 528 a.C. numa expedição ao Oriente e é enterrado em Persépolis, na Pérsia.

Vem Cambises (528-521 a.C.), filho de Ciro II.

Só com Dario I (520-486 a.C.), deu-se andamento à construção do templo. Em Esdras 5 e 6 podemos ler as ordens expedidas por Dario, a fim de que se cumprisse o que havia sido prometido por Ciro, apesar de temer as conseqüências que poderiam advir da projeção de Jerusalém. Finalmente, o Templo é inaugurado em 515 a.C. A muralha, porem, só seria reconstruída 70 anos depois.

O Império de Dario I abrangia do Rio Indo, na Índia, ao Mar Egeu, do rio Jaxartes no Mar Cáspio, até a Líbia, da Trácia nos Bálcãs, até o Danúbio. Tinha embaixadores que fiscalizavam mas as satrápias gozavam de alto grau de autonomia. Empregavam a moeda para as transações e havia boas estradas. Dario I fracassa ao conquistar a Grécia. É derrotado por Milcíades em Maratona e sua frota é destruída por tempestade.

Xerxes (486-465 a.C.), filho de Dario I, derrota os Espartanos nas Termópilas, mas é derrotado por mar em Salamina e em Samos e, por terra, em Platéia.

Morrendo Xerxes sobe Artaxerxes I, Longimano (465-424 a.C.) e, com ele, reaparece Jerusalém. .

Em 445 a.C., uma delegação de Judeus vai à presença de Artaxerxes I, rei da Pérsia, e entra em entendimentos com Neemias, oficial do rei, mas de origem Judaica.

O rei, acreditando que Jerusalém fortificada seria um ponto estratégico de grande valor, deixa Neemias partir com o grupo a fim de dirigir a reconstrução da muralha e, logo após, o nomeia governador da cidade.

Nessa mesma ocasião, Esdras, doutor e sacerdote Judeu, codificador do Judaísmo no século V a.C., exilado na Babilônia, obteve do rei o favor para retornar a Jerusalém com cerca de 1.500 Judeus, homens, mulheres e crianças. Ali chegando, realiza extraordinária obra de reavivamento religioso, marcado de intolerância para com os casamentos mistos que encontrou ao chegar. A ele deve-se a organização da Grande Sinagoga, a restauração do Templo, o aparecimento do rabinato, que englobava os doutores da Lei Judaica, a instituição profissional dos escribas, a fundação do Sinédrio e a reforma da educação religiosa. É considerado o restaurador do texto definitivo da Lei Mosaica. Esdras tem papel importantíssimo nessa época. Lança o slogan da Nova Jerusalém e apela para que todo o Judeu se aloje dentro das muralhas de Jerusalém a fim de não dispersarem esforços. O povo atende a seus apelos porque sente a necessidade imperiosa de se agrupar dentro de uma comunidade religiosa, única força capaz de manter a coesão.

Delegando a Neemias toda essa autoridade e a Esdras essa oportunidade de voltar à Judéia com 1.500 Judeus, Artaxerxes I não imaginava estar criando um centro de dissensão exatamente num ponto vital do seu Império.

Os persas exercem suserania durante 200 anos.

Relação dos reis da Pérsia para controle das épocas:

Ciro II – (558-528) – o libertador dos Judeus.

Cambises II – (528-521)

Dario I – (520-486) – o edificador do templo.

Xerxes – (486-465)

Artaxerxes I, Longimano – (465-424) – nomeia Neemias, judeu, governador de Jerusalém.

Dario II – (424-404)

Artaxerxes II, Mnemon – (404-358)[1]

Artaxerxes III – (358-338)

Dario III, Comomano - 335-330. É derrotado por Alexandre, o Grande, da Macedônia.

 

Durante todo esse trabalho de reestruturação, reconstrução e fortificação, mais ou menos 100 anos, a Judéia sofreu heroicamente a perseguição dos povos vizinhos que procuravam impedir sua ascensão, temerosos de sua prepotência. Neemias afirma que, com uma das mãos trabalhavam e construíam e, com a outra, empunhavam a arma.

E a inexorável sucessão das civilizações prossegue.

Em 490 a.C., Dario I, rei da Pérsia, tentara invadir a Grécia mas fora derrotado na batalha de Maratona.

Em 481 a.C., Xerxes faz nova investida, sem sucesso. Com essas vitórias, a Grécia se mantém independente, construindo o apogeu de sua civilização.

Em 468 a.C., a Grécia conquista, aos persas, a costa da Ásia Menor mas, finalmente, 100 anos mais tarde, por volta de 350 a.C., começa a esboçar-se seu declínio.

São palavras de Edouard Schuré: "A decomposição social e política da Grécia foi a conseqüência de sua decomposição religiosa, moral e intelectual. Supersticiosa em religião, agnóstica em filosofia, egoística e dissolvente em política, embriagada de anarquia e fatalmente condenada à tirania, eis o que restava daquela Grécia divina que nos havia transmitido a ciência egípcia e os mistérios da Ásia".

Alexandre, o Grande, da Macedônia, percebe essa situação da Grécia.

Alexandre, além de ser um iniciado nos mistérios da Samotrácia e ser, portanto, um filho intelectual de Orfeu, também fora discípulo de Aristóteles. Com toda essa bagagem espiritualista, Alexandre sonha com a unificação do mundo, não pela opressão, pelo esmagamento da religião e da ciência livres, mas pela reconciliação da Ásia com a Europa, por uma síntese das religiões apoiada sobre uma autoridade científica; via em todas a mesma divindade, a mesma sabedoria representada por símbolos diferentes.

Ele percebia que o objetivo principal de todos os santuários vinha sendo sempre o mesmo. O de Menphis, capital do Egito, fundada por Menés, o de Delphos, cidade antiga da Grécia nas fraldas do Monte Parnasso, onde Apolo tinha seu templo que ditava oráculos por Pythia, o de Eleusis na Ática, ao norte de Atenas e o do templo de Ceres, todos eles tinham igualmente procurado ensinar a unidade de Deus através de suas idéias teosóficas e disciplinas morais.

Em 333 a.C., portanto 200 anos após a volta do exílio, Alexandre, o Grande, começa vencendo o Império Persa governado por Dario III. Após conquistar Tiro com a torre móvel de 50 ms. de altura, conquista Gaza e, na sua passagem por Jerusalém, a caminho do Egito, é recebido pelos Judeus com todas as honras devidas a um soberano. Alexandre, que passou a dominar toda a extensão do mundo daquela época, tinha por princípio respeitar e tolerar os costumes e as crenças dos povos conquistados. Deixou intacta a vida do estado sacerdotal de Judá.

Prosseguindo para o Egito, aí funda a cidade de Alexandria, e assina  decreto dando aos descendentes dos judeus, fugitivos da Babilônia, os mesmos direitos dos habitantes macedônios. Alexandria torna-se o centro do Judaísmo.

Alexandre passa novamente pela Palestina em direção à Índia, planejando atingir o rio Indo e o Himalaia. Na volta dessas conquistas, contrai febre e morre a 323 a.C., estando na Babilônia.

Em 15 anos de conquistas e com apenas 33 anos de idade, Alexandre havia conseguido objetivar o ideal a que se propusera - unificação do Oriente e do Ocidente sob um mesmo padrão cultural que se chamou Helenismo. O seu Império se desmorona, mas a cultura que ele implantou projetou-se para o futuro, vindo dar a tônica das civilizações que se seguiram, pois Alexandria, onde ele conseguira concretizar o grande sonho de sua vida, reunindo a filosofia Oriental, o Judaísmo e o Helenismo, continuou se mantendo, por séculos, como gérmen cultural da humanidade.

Após a morte de Alexandre, seus generais, que recebiam a designação de Diádocos, iniciam uma tremenda guerra entre si que durou 40 anos, de 321 a 281 a.C. Eliminam os familiares de Alexandre - Mãe, irmão, viúva Roxana e filho póstumo - e dividem o Império, sendo que três deles se firmam:

Cassandro fica com a Grécia e a Macedônia.

Seleuco fica com a Pérsia, Mesopotâmia e Síria, dando origem aos Selêucidas, que tanto trabalho iriam dar mais tarde aos Judeus.

Ptolomeu fica com o Egito, Fenícia e Palestina.

Em 320 a.C., Ptolomeu I entra no estado sacerdotal de Judá e aí exerce domínio por mais de 150 anos. Os Ptolomeus expediam seus decretos com a assinatura de "Theos", que quer dizer Deus.

A língua Grega, que era a língua adotada pelos macedônios, se torna oficial. Por esta razão, a próxima geração de Judeus já não conhece mais a língua Hebraica. Daí a necessidade da tradução da Bíblia para o Grego.

Em 195 a.C., os Selêucidas, que dominavam a Síria, liderados por Antioco III, avançam para o sul, vencem Ptolomeu V e tomam conta da Palestina. Os Judeus, cansados do domínio egípcio, pensaram que iria melhorar. Mas, morrendo Antioco III, sobe Antioco IV, o Epifanes, que resolve transformar a Judéia em fonte de renda. Em 167 a.C., vencido em campanha contra o Egito, avança sobre Jerusalém, pois acha que ela é que atrapalhara a vitória, saqueia e coloca Menelau como Sumo Sacerdote, apesar de Menelau não pertencer à família sacerdotal e, portanto, não ter esse direito. Consegue o cargo simplesmente por ter ajudado o rei a destruir Jerusalém. Ele estabelece obrigatoriedade de culto a Zeus, com pena de morte para os que praticassem o culto Judaico.

Acontece que o sacerdote Matatias Macabeu se rebela e se dirige aos agentes de Antioco IV nos seguintes termos: "Ainda que todo o povo do reino obedeça a ordem de repudiar a fé de seus Pais, eu e meus filhos permaneceremos fiéis à crença de nossos antepassados". Vendo seus compatriotas atemorizados, queimando incenso a Zeus, Matatias assassina o emissário do Rei, destrói o altar a Zeus e foge para o deserto. Inúmeros Judeus se juntam a ele, formando um núcleo de resistência e tem início a guerra dos Macabeus. Com a morte de Matatias, seu filho Judas (200 - 160 a.C.) assume a liderança dos rebeldes. Judas era um guerreiro cuja coragem igualava à sua fé, pois diz a tradição que orava como Santo e lutava como leão enfurecido. Foi inspirado nesta figura extraordinária que Haendel escreveu a peça que traz esse nome.

Numa luta incrível, vencendo sucessivamente 4 generais selêucidas, em 165 a.C., Judas reconquista Jerusalém e encaminha-se para a Galiléia, mas é vencido por Antioco V, selêucida, que sucedera Antioco IV e que avançava com elefantes de guerra, desorientando as tropas Judaicas. Apesar de vencedores, os selêucidas ficam atemorizados com a coragem e o gênio militar de Judas e concedem liberdade de culto. Judas se recusa a aceitar a proposta afirmando que a Judéia, para se pôr a salvo de novas perseguições, deveria conquistar tanto liberdade política quanto religiosa.

Em 161 a.C., Judas derrota Demétrio II, apelidado Nicanor, rei da Síria, e fortalece aliança com Roma, mas é morto. Jônatas, seu irmão, também é morto em 143 a.C. Sobe o terceiro irmão Macabeu, Simão que, em 142., consegue de Demétrio II a independência da Judéia e se torna Sumo Sacerdote e General.

Com Simão, que morre em 134 a.C., tem inicio a casa dos Hasmoneus[2].

Durante desentendimentos entre príncipes dessa dinastia - Hircano II e Aristóbolo II - começa a projetar-se a figura de Antipater, pai de Herodes, proveniente da região de Edom situada ao sul de Judá, e que se torna conselheiro de Hircano II.

O povo, cansado dessas discórdias entre os príncipes Hasmoneus, pede apoio a Pompeu que fazia parte do 1º. triunvirato romano, estabelecido em 60 a.C., composto por Pompeu, Crasso e Júlio César.

Para entender a figura de Herodes, é preciso ter conhecimento de como se relacionaram os personagens desse 1º triunvirato, bem como os do 2º triunvirato, e perceber o comportamento de seu pai Antipater e do próprio Herodes.

Júlio César era procônsul da Gália e regiões adjacentes, onde sustenta guerras heróicas.

Pompeu está dominando Roma e Grécia, fato que representa para Júlio César uma grande ameaça. Júlio César, então, resolve invadir Roma. Descendo pelo norte da Itália, atravessa o rio Rubicão, quando pronuncia a celebre frase - "Alea jacta est", que quer dizer, a sorte está lançada - e avança sobre Roma.

Vence Pompeu em Pharsala, ao sul da Grécia. Pompeu foge para se refugiar no Egito, mas Júlio César vai ao seu encalço. Antipater, pai de Herodes, que havia auxiliado Pompeu em sua fuga, exímio político que era, aproxima-se de Júlio César e participa do assassinato de Pompeu, em 46 a.C. Acompanha Júlio César em sua campanha no Egito e luta com bravura só compreendida quando se percebe a firme intenção que tinha de chamar sobre si a atenção de Júlio César, o que, aliás, consegue. Antipater é nomeado procurador da Judéia e seu filho Herodes, que contava 25 anos, é nomeado por Júlio César prefeito da Galiléia e, seu irmão Phasael, prefeito de Jerusalém.

Com a morte de Júlio César no ano de 44 a.C., surge, em Roma, o segundo triunvirato - Marco Antônio, Otávio, sobrinho de Júlio César e Lépido. Veja nos adendos - “histórico dos Triunviratos”.

Marco Antônio, que é designado para a Ásia Menor, torna-se, por sua vez, amigo de Antipater e, em 40 a.C., promove seus filhos, passando-os de prefeitos a reis dos Judeus. Numa grande revolta dos Judeus contra esse governo, Phasael é preso e Herodes foge para Roma. Seu prestígio, porém, era tão grande que de lá volta governador da Judéia, reconhecido pelo Senado Romano. Para agradar os Judeus, casa-se com Mariana, princesa da casa dos Hasmoneus, neta de Aristóbolo II, fazendo assim aliança que, politicamente, foi felicíssima.

Otávio que, na partilha, recebera toda a região ao Ocidente, vendo os desmandos de Marco Antônio em relação às prerrogativas que cedia a Cleópatra VII, rainha do Egito, pois lhe cedera o exército para arriscada e mal sucedida expedição, dera-lhe terras na costa da Ásia Menor, incluindo Jericó de onde, por sinal, ela leva o bálsamo para Mataria, no Egito, conforme veremos no capítulo da fuga de Jesus para o Egito. Otávio, vendo todos esses desmandos, investe contra ele e vence-o na batalha do Actium, promontório da Grécia, em batalha naval. Marco Antônio foge para o Egito mas é sitiado em Alexandria, quando se suicida, isso em 31 a.C.

Herodes[3], tão bom malabarista político quanto seu Pai, procura logo auxiliar as tropas de Otávio a caminho do Egito em busca de Marco Antônio e consegue equilibrar-se no poder. Em 40 a.C., Otávio, aquele que mais tarde se chamaria Augusto César, aceita Herodes como rei dos Judeus. A única condição exigida é a de que fosse tão seu amigo no futuro, quanto o fora de Marco Antônio no passado.

Augusto César é o último filho de Roma. Unindo sobre sua cabeça a mitra e o diadema nomeia-se grão-pontífice. No Senado, pronuncia: "Não bastará dizer que não há outro Deus senão César?"

Esta era, em parte, a situação ao tempo em que Jesus nasceu. A confusão política não tem precedentes em registros de qualquer outra época da história, mas procuramos traçar uma linha mestra.

Segundo Teilhard de Chardin, o ambiente Judeu ao tempo de Jesus era um clima de alta tensão, cuja única vantagem seria a de criar condições favoráveis para grandes mutações.

 

[1]  A célebre "Retirada dos dez mil", descrita por Xenofontes, se deu em 401 a.C. quando Ciro, o Moço, se rebela contra seu irmão Artaxerxes II e trava uma batalha em Cunaxa, cidade do Império Persa, junto ao Rio Eufrates. Ciro morre, mas os mercenários gregos que ele arregimentara prosseguem, sendo depois vencidos e forçados a uma retirada extremamente dificultosa.

 

[2] Linhagem dos Hasmoneus. Hircano I, filho e sucessor de Simão, é sucedido por Aristóbolo I, seu filho, que era grão-sacerdote e recebe o título de rei, mas governa por apenas um ano, 104 a.C. Sobe seu irmão Alexandre Janeus. Este protege os Saduceus constituídos pela classe alta, grandemente influenciada pelo Helenismo e cria, por parte dos Judeus, ódios e revoltas abafadas cruelmente.

Morre Alexandre Janeus e sobe sua viúva Salomé Alexandra que passa a governar de acordo com os Fariseus, que eram anti-Helenizantes. Seu filho mais velho, Hircano II, que tinha personalidade fraca e maleável, torna-se Sumo Sacerdote. Aristóbolo II, que era o filho mais novo; revoltado com sua exclusão do poder, pois não recebera cargo algum, toma 20 fortificações, forma um exército e invade Jerusalém.

Nesse momento, 67 a.C., morre Alexandra. Hircano II concorda em ceder alguns domínios a seu irmão Aristóbolo II, mas acontece que um elemento perturbador surge na política Judaica, na pessoa de Antipater, futuro Pai de Herodes, um Idumeu ou Edomita, região que fica bem ao sul do reino de Judá, o qual fez, deliberadamente, intriga entre os irmãos.

Veja nos adendos detalhes sobre as guerras entre Hircano II e Aristóbolo II.

 

[3]   Herodes I, o Grande (73 - 4 a.C.). Em 40 a.C., é designado rei da Judéia.

Herodes foi um grande rei, ampliou as fronteiras, criou empreendimentos tanto civis quanto militares e foi um mestre em artifícios diplomáticos.

Segundo John Allegro, Herodes viveu, amou e massacrou em grande estilo.

A reconstrução de Jerusalém, da qual o novo templo representou o coroamento glorioso, foi um espetáculo realizado mais para perpetuar a glória de Herodes do que a de Javé - Yaweh ou Jehovah.

Ele era apenas meio Judeu, pois era filho de Antipater, natural da região do Edom ao sul da Judéia. Morre no ano 4 a.C. O povo aproveita a ocasião para manifestar repúdio a Roma, sendo que esta reage rápida e cruelmente.

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