São João 18:12 a 14 - "Então a cohorte e o tribuno e os servos dos judeus prenderam a Jesus e o maniataram; e conduziram-no primeiramente a Annás, por ser sogro de Caiphás, que era Sumo Sacerdote daquele ano. Ora, Caiphás era quem tinha aconselhado aos judeus que convinha que um homem morresse pelo povo".
Os romanos nomeavam e davam garantias ao Sumo Sacerdote do Templo de Jerusalém, chefe espiritual do povo judeu.
Ao tempo de Jesus, a família sacerdotal poderosa era a de Annás, o qual, depois de se nomear Sumo Sacerdote, fez seu genro Caiphás e seus 5 filhos subirem ao trono pontifical.
Financeiramente, era posição rendosa, pois tinham a guarda do tesouro do Templo, para o qual todo judeu tinha de pagar imposto e, também, controlavam a venda dos animais a serem sacrificados. Além disso, os trabalhos de câmbio eram realizados por eles, pois não se podia oferecer ao Templo moedas com a efígie de César.
De acordo com as normas vigentes, a sentença do Sinédrio, tribunal judeu formado pelos sacerdotes, anciãos e escribas, tinha de ser confirmada pelo procurador romano, a quem competia, caso confirmasse, executá-la. O procurador era Poncio Pilatos (26 a.C. a 36 d.C.).Flavius Josephus e Philon de Alexandria chamaram-no exator, tirano, explorador e homem corrupto. Que Pilatos odiava os judeus e, sobretudo os fariseus que dominavam àquela época, ficou comprovado. Só para desgostá-los, tentaria libertar Jesus. A principio, sem hesitação, o inocenta - São Lucas 23:4 - "E disse Pilatos aos principais dos Sacerdotes e à multidão: Não acho culpa alguma neste homem".
Porém, os judeus gritavam dizendo: São João 19:12 - "Se soltas este, não és amigo de César, porque todo o que se faz rei é contra César".
Fazer-se rei, segundo a "Lex Juliana", dava pena de morte.
Pilatos temeu ir contra Roma, pois já antes, segundo Philon, levara para Jerusalém o escudo de ouro com o nome do Imperador e mandara-o pendurar no palácio de Herodes, no meio da cidade. Era uma grave infração dos direitos que Roma garantira à comunidade religiosa judia, uma provocação. Os judeus foram até Roma e Tibério mandou retirar o escudo.
São João 19:13 - "Pilatos, pois, tendo ouvido estas palavras, conduziu Jesus para fora e sentou-se no seu tribunal, no lugar que em grego se chama "Lithostrotos", que quer dizer pavimento, e em hebraico se chama "Gaggatha", que quer dizer terreno elevado. Então, entregou Jesus para que fosse crucificado".
Junto do muro noroeste do templo do Monte das Oliveiras, elevava-se, ao tempo de Cristo, sobre uma colina de rocha, portanto num terreno elevado, a poderosa fortaleza Antonia. Fora construída por Herodes I, que assim a chamara em honra a um amigo. A guarnição romana estabelecera aí seu quartel. No ano 70 d.C., Tito mandou demolir a fortaleza e, sobre suas ruínas, fizeram-se construções. O arqueólogo, Padre L. H. Vincent, no lugar exato descrito pela Bíblia, descobriu um pavimento plano com 2.500 metros quadrados, de construção romana, típica da época de Jesus. Ai Jesus esteve diante de Pilatos, e foi açoitado, conforme relata São João 19:1. O sistema de punição judaico desconhecia a crucificação, que era praticada pelos romanos.
Quanto à representação de Cristo na cruz, Annie Besant, em seu livro "Cristianismo Esotérico", cita a seguinte afirmativa do cientista Williamson (1824-1904): "O cordeiro acabou por ser representado na cruz, mas foi durante o sexto sínodo de Constantinopla, reunido em 680, que se decidiu substituir o símbolo primitivo por uma figura humana crucificada. Decreto confirmado pelo Papa Adriano I , que exerceu o papado de 772 a 795.
No livro "Antiguidades Judaicas", escrito nos últimos decênios do primeiro século de nossa era, ao mencionar a primeira comunidade cristã de Jerusalém, Josephus fala de Jesus que foi chamado o Messias.
Tácito (55 a 120), historiador romano, menciona Jesus nos "Anais" para explicar o nome "Christiani" e diz o seguinte: "Cristo, de quem esse termo deriva, foi sentenciado à morte pelo procurador Poncio Pilatos, no tempo do imperador Tibério".
Suetônio (69 a 128), historiador romano, em seu livro "A vida dos Cesares", diz: "Ele expulsou de Roma os judeus que faziam grande alarido por causa de Chrestus, isso no reinado de Cláudio".
O escritor Paulus Orosius, sacerdote e historiador espanhol da primeira metade do século V, discípulo de Santo Agostinho e de São Jerônimo, declara que essa expulsão foi no ano 9 do reinado de Cláudio, portanto, no ano 49 d.C., provando que entre 15 e 20 anos depois da crucificação, já existia uma comunidade cristã em Roma.
Em Atos dos Apóstolos 18:2, lemos que Paulo, quando seguiu de Alexandria para Corinto, encontrou aqui "um judeu, chamado Áquila, natural do Ponto, que pouco antes tinha chegado da Itália e Priscila, sua mulher", isso pelo motivo de Cláudio ter mandado sair de Roma todos os judeus.