2ª. PARTE

A VIDA DE JESUS, O CRISTO

 

CAPÍTULO IX

- ALGUNS DADOS SOBRE A BÍBLIA E O CRISTIANISMO

 

O Pentatêuco foi escrito em nabateano, dialeto hebraico que se perdeu. Outros livros do Velho Testamento foram escritos em aramaico. A versão helenista surgiu quando Ptolomeu II Philadelpho, rei do Egito de 286 a 246 a.C., época em que construiu o farol de Alexandria, solicitou aos sacerdotes judeus uma tradução para o grego. O Sumo Sacerdote Eleazar consulta os oráculos e recebe a negação, pelo perigo das verdades caírem nas mãos do povo. Como Ptolomeu prometesse a libertação de judeus escravos no Egito, os cinco livros do Sepher foram traduzidos de forma velada, enigmática, simbólica. É a versão dos 70, feita pelo Sanhedrin, ou seja, pelo Sinédrio composto por 70 membros, liderados pelo Sumo Sacerdote. O Sinédrio, constituído por juizes e sacerdotes, era, na verdade, um tribunal de apelação e, definitivamente, controlava a vida de Israel.

Essa versão helenista era muito difícil de ser entendida e, no entanto, a versão hebraica, produzida posteriormente, provém dela. Essas duas traduções já apresentam distorções.

O Papa Dâmaso reuniu um concílio em Constantinopla no ano 381 e, em 382, encarregou S. Jerônimo (347-420) de fazer a tradução da Bíblia para o latim. S. Jerônimo já se encontrava no oriente desde 372, pois viveu grande parte de sua vida em Belém. Empenha-se, então, no estudo do hebraico com os rabinos passando a morar em sinagogas, motivo pelo qual recebe severas críticas de Santo Agostinho (354-430) e de Rufino (340-410), teólogo da Igreja Latina.

Para ajustar a tradução grega à hebraica e ambas aos dogmas da religião católica, foram necessárias inúmeras emendas. O texto é oficializado por Sisto V (1520-1590), juramentado em 1545 no concílio de Trento e confirmado por Clemente VIII, papa em 1592.

Após o Concílio de Trento, essa tradução passa a ser declarada de origem divina e se torna a Vulgata Latina. Ninguém podia discordar senão ia para os tribunais da inquisição que já funcionavam desde 1100. Giordano Bruno (1548-1609), por exemplo, foi queimado por ser contra certas afirmativas da Bíblia.

Devido às muitas possibilidades de interpretação da Bíblia, surgem pelo menos uns 15 movimentos polêmicos, entre os quais: Judaisantes, Milenaristas, Gnósticos, Marcionismo, Maqueismo, Arianismo etc.

O movimento dos Gnósticos é fundado por Simão, o Mago, Basilides e Valentim, cerca do ano 100 da nossa era. Segundo vários escritores, eles herdaram as chaves veladas da Bíblia.

Os Concílios Ecumênicos eram, inicialmente, convocados, presididos e, em grande parte, determinados pelo imperador, que nomeava um bispo responsável pela decisão. As decisões eram ratificadas pelo imperador e adquiriam caráter de leis do Império.

A partir de 1050 os papas começaram a ter maior autonomia e os concílios passaram a ser convocados pelo papa. Mas a libertação só vem com os Concílios de Trento, realizados de 1545 a 1563.

Em 553, quando o papa era Vigílio (537-555), foi realizado o segundo Concílio de Constantinopla no qual se procedeu à condenação das idéias de Orígenes, teólogo e exegeta cristão que viveu em Alexandria e que, no ano 230, se tornou padre. Orígenes postulava uma síntese entre o cristianismo e o platonismo. Acreditava na pré-existência da alma, na reencarnação e, portanto, na não eternidade das penas.

 

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