"CÓDIGOS DE MORAL"
Zélia de Toledo Piza
Os
princípios da alma humana
são constituídos por dois pólos - um
positivo e outro negativo - princípios estes que o Ocidental denomina de
Bem e Mal. Ao longo da leitura dos códigos de moral, veremos que esses
valores são muito relativos e necessários para a evolução.
A
finalidade desses códigos é levar o homem a encontrar o caminho
que o tire do
jogo polar da alma. O homem é um ser polarizado que está
vivendo a função de unificação dos opostos. As sensações de sofrimento
que parecem algo tão
concreto, são apenas a ilusão criada pela dualidade
do mental. Se diante de qualquer problema, sofrimento, conseguirmos parar
a mente, a dor cessará por completo.Veja ao lado a seqüência dos
Códigos
de Moral através dos tempos.
Todas essas
regras de conduta devem ser consideradas como pontos
de apoio. O homem, movido
pela religiosidade, pelo temor do desconhecido,
passa a respeitá-los e isto
ajuda o homem a não se despenhar para o seu
lado negativo. São, por assim dizer, muletas que devem ser usadas até que o homem vença sua natureza
negativa. Até que um dia, o manancial positivo saia definitivamente de dentro
para fora.
A análise dos códigos de moral pode assumir, à primeira vista, um aspecto de doutrinação, de puritanismo mas, quer o homem queira, quer o homem não queira, é somente praticando estes preceitos tão antigos, aparentemente tão místicos, que encontrará o caminho de sua libertação. Não existe outro caminho. Todos os grandes Seres vêm afirmando isto através de seus códigos de moral.
Há milênios que o homem vem procurando a fórmula para a felicidade.
Aristóteles (384-322 aC) afirmava: "O fim do homem é a felicidade mas ele só a alcançará mediante a Virtude, para o que é necessária a razão".
Se analisarmos bem, o homem não busca a Verdade pela Verdade mas para resolver os seus problemas. Existe, todavia, um verdadeiro falso testemunho quando se promete o céu através do perdão e de determinadas práticas. Só o próprio homem pode modificar o seu destino, pela mudança em sua forma de reagir perante a vida.
É por essa razão que o caminho da Teosofia, é muito mais árduo, porque não promete, simplesmente afirma que o homem continua vivendo sucessivamente aquilo que viveu nesta vida e em vidas passadas. O paraíso deve ser alcançado em vida, não após a morte.
São palavras de Kut-Humi, um grande adepto do passado: "Nenhum proveito se tira de repetir quantas vezes se queira a palavra sagrada AUM que quer dizer DEUS, desde que se não possua um caráter superior. Sem isto, nenhum resultado prático se conseguirá na iniciação". De nada adianta bater no peito, ter grande religiosidade e continuar agindo como bem entende. Essa atitude é na maioria das vezes fuga. O homem se apega a este devotamento mecânico, exterior, às rezas, novenas, confissões, para fugir ao esforço hercúleo de agir de acordo com o seu grau de consciência.
O que tem acontecido através dos tempos é que os cristãos, em sua maioria, nunca seguiram os mandamentos nem as bem-aventuranças; os budistas nunca seguiram as Paramitas, e outros grupos jamais seguiram seus códigos de moral, porque isto significaria vencer as tendências negativas o que, implicitamente, significa luta, luta que o homem não quer enfrentar, preferindo entregar-se aos paliativos da emoção satisfeita.
Quando o homem recebeu o mental, a emoção já vinha há milhões de anos criando seus reflexos condicionados que são forças poderosas. Ao invés do mental dominá-los, foi sendo dominado por eles. Só a Vontade pode levar o homem a trilhar o caminho justo.
O que acontece é o seguinte: as doutrinas são setas indicadoras do caminho. O peregrino ao invés de olhar a direção indicada e prosseguir confiante, se detém na seta. Espera um método todo complicado que surta um efeito relâmpago. Mas esse método não existe. O que há de extraordinário na iniciação é que a aplicação à nossa natureza destes preceitos simples, antigos conhecidíssimos, triviais, porém agora bem dirigidos pelo mental esclarecido que, por sua vez, estará escudado pela Vontade, acabem por operar o milagre de nossa transformação pessoal, sem a qual jamais se abriram os canais de percepção que possibilitarão ao homem ter visão panorâmica do Universo.
Helena Petrovna Blavatsky sintetiza todas as regras ou códigos de um modo magistral: "Vida casta, mente livre e sem preconceitos, coração puro, intelecto sequioso de conhecimentos, percepção espiritual lúcida, fraternal carinho para com toda a humanidade, boa disposição para receber e transmitir conselhos e instruções, boa resignação e ânimo nos sofrimentos por causa das injustiças pessoais que nos possam afetar, firmeza inabalável de princípios, valorosa defesa dos injustamente atacados, devoção perseverante para com o ideal do progresso e perfeição da humanidade".
Regras de DINÂMICA DE GRUPO, utilíssimas para organização interior.
Ninguém prova nada a ninguém.
Opiniões devem ser emitidas imparcialmente. Não pode haver sentimento de ofensa.
Quem recebe a opinião não deve se colocar em oposição - penetra a idéia e, em paralelo, emite a sua idéia.